Foto de feijões que evocam solidão na mesa britânica após Brexit viraliza
A motivação anti-imigração de muitos britânicos que votaram pela separação da União Europeia pode atingir não só o fluxo de pessoas mas também o de comida pelas fronteiras. E quem vai sofrer é o cardápio britânico.
Uma imagem divulgada em redes sociais após a vitória do Brexit resumia esta situação. Em um canto da mesa, vinho, queijo, salame, azeite, frutas, pães, cerveja e vários outros itens da gastronomia europeia. No canto oposto, sozinha, uma lata de feijão em molho adocicado, tão popular entre ingleses.
Reproducao/Anastasia Piliavsky/Facebook | ||
Foto mostra o isolamento gastronômico do Reino Unido após a saída britânica da União Europeia |
Batizada de "Brexit, uma natureza morta", a cena que exemplifica os impactos da saída à mesa se tornou viral e foi compartilhada milhares de vezes. O site de notícias do mundo artístico Artnet descreveu-a como uma metáfora do divórcio britânico.
A autoria da foto foi debatida na mídia britânica, mas o Artnet indica a fotógrafa Anastasia Piliavsky como a responsável pela obra. Ela postou a cena em sua página no Facebook na manhã do dia 24, após a divulgação do resultado do plebiscito —e logo a imagem se disseminou.
Segundo as informações em sua página, Piliavsky é ucraniana e mora em Cambridge. Ela não respondeu a um pedido de entrevista da Folha. Em seu perfil, defende o feijão como ferramenta retórica, mesmo sabendo que não é a única coisa que sobraria para comer após o Brexit.
O feijão enlatado, com tempero levemente adocicado, é uma parte integral da gastronomia inglesa. Mais de 2 milhões de britânicos comem feijão diariamente.
Em vez de fazer parte do almoço, como no Brasil, a versão local é parte do "full english breakfast", grande café da manhã em que é acompanhado por linguiças, bacon, ovo, tomate, torradas. Os ingleses também comem o feijão com pão em outra combinação local, beans on toast.
Mas mesmo este feijão é resultado de influência internacional na gastronomia britânica. A versão enlatada surgiu nos EUA e chegou ao Reino Unido somente em 1886.
Avisada no Facebook que sua imagem se tornara viral, a fotógrafa disse não se importar pela falta de crédito.
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