Alunos e policiais se enfrentam em ato contra reforma educacional no Chile
Milhares de estudantes participaram nesta terça-feira (5) em Santiago de um protesto contra a reforma universitária proposta pela presidente Michelle Bachelet um dia depois de sua entrega ao Congresso.
A proposta recria a gratuidade nas universidades a alunos de baixa renda em instituições públicas e privadas que se declarem sem fins lucrativos. Os estudos dos alunos que se enquadrarem nas regras serão pagos pelo Estado.
A Confederação dos Estudantes do Chile, principal organização estudantil do país, considera o projeto reduzido por não permitir a gratuidade universal e não instituir limites ao lucro das instituições de ensino particulares.
Na opinião dos alunos, sem resolver as duas situações não é possível considerar a mudança uma reforma. Por isso, convocaram dos protestos nesta terça-feira em dois pontos diferentes da capital chilena.
A intenção do grupo era chegar ao palácio de La Moneda, sede do governo, mas a manifestação não tinha permissão do governo de Santiago —no país os manifestantes precisam avisar previamente às autoridades.
Nos primeiros minutos de caminhada pela alameda Libertador Bernardo O'Higgins, principal avenida santiaguina, a tropa de choque dos Carabineiros (polícia militar chilena) e manifestantes encapuzados entraram em confronto.
Enquanto o grupo atirava pedras, coquetéis molotov e paus, os policiais respondiam com jatos d'água e bombas de gás lacrimogêneo. Dezenas de pessoas foram presas, mas os números exatos não foram divulgados pela polícia.
O porta-voz da Federação de Estudantes da Universidade do Chile, Gabriel Iturra, disse que os estudantes "se viram na obrigação de protestar" depois que as medidas foram enviadas pelo governo ao Congresso.
"A irresponsabilidade é do governo, que não dá estas autorizações. É nosso direito legítimo", disse. Os estudantes marcaram um novo protesto para o próximo domingo (10).
Para autorizar a reforma universitária, o governo aprovou no início do ano uma reforma tributária para aumentar a arrecadação em US$ 26 bilhões (R$ 85,8 bilhões), o equivalente a 3% do PIB chileno.
Segundo o Ministério da Educação, seria necessário metade deste valor para assegurar educação superior gratuita a todos os chilenos. O projeto ainda deverá passar por longa tramitação no Parlamento antes de ser aprovado.
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