'Brexit' elevou venda de jornais no Reino Unido em junho
Fleet Street pode ter ficado dividida quanto ao "brexit", mas há uma coisa sobre a qual todos os jornais parecem estar de acordo: ele foi bom para os negócios.
De acordo com o Audit Bureau of Circulation (ABC, escritório de auditoria de circulação), organismo independente que verifica dados de vendas de jornais, o "Times" registrou um aumento de 15% nas vendas em junho, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Rob Bodman - 25.jun.2016/AFP | ||
Imagem das edições dos jornais britânicos no sábado seguinte à votação pela saída britânica da UE |
"The Guardian" aumentou a média das suas vendas diárias em 3,6%, em junho, em relação a maio. No outro extremo do mercado, "The Sun" aumentou 2,6% no mês.
Em todos os títulos houve sinais incentivadores de que o drama político que se desenrolou após a votação do Reino Unido a favor da saída da União Europeia levou a um aumento nas vendas.
"The Daily Mirror", que apoiou a campanha pela permanência na UE, foi o único título nacional diário a registrar queda —suas vendas caíram 1,02% em junho, em comparação com maio.
Mas os números são bem-vindos pelos donos de jornais do Reino Unido, a quem as notícias mensais da ABC normalmente proporcionam uma leitura desagradável.
"Os consumidores se voltam para marcas de confiança —essencialmente a BBC e os jornais opinativos— em tempos de crise ou quando se deseja um comentário mais profundo", disse Douglas McCabe, analista da Enders.
"Podemos pensar nas redes sociais e nos debates na TV como os meios de comunicação importantes para o plebiscito, mas, em muitos aspectos, esse foi um acontecimento de jornal."
Nos últimos 10 anos, as vendas de jornais caíram de 13 milhões por dia para pouco mais de 7 milhões. O desempenho em junho apenas reduziu essa tendência de longo prazo: 2,7 milhões de exemplares extras foram vendidos no mês passado, em comparação com maio, mas, em relação com esse período do ano passado, as vendas totais de todos os títulos caíram 2%.
Nos últimos meses os jornais foram atingidos por uma queda acentuada na receita de publicidade impressa, na medida em que público e anunciantes migram para atores on-line como Facebook e Google.
Os números mais recentes da ABC confirmam que os sites de jornais britânicos continuam a crescer a taxas impressionantes —o Mail Online, o maior site de notícias em idioma inglês do mundo, quebrou a barreira dos 15 milhões.
Mas as receitas digitais não conseguiram preencher a lacuna deixada pela receita dos impressos. E, para além das cifras de manchete da ABC, subsistem temas desafiadores para os proprietários.
Por exemplo, embora a circulação do "Times" em junho tenha aumentado de 371.263 para 433.213 em comparação com o mesmo período do ano passado, vendeu 51 mil cópias mais como parte de contratos de venda massiva com terceiros para distribuir o jornal gratuitamente.
De modo semelhante, o "Sun" distribuiu cerca de 100 mil exemplares mais da mesma forma, e as vendas do jornal caíram, na verdade, em 580 mil de um ano para outro.
Um porta-voz do "Trinity Mirror" disse: "Para compreender corretamente os movimentos naturais em circulação impressa, é necessário examinar separadamente algumas das atividades utilizadas em todo o mercado, por exemplo, exemplares gratuitos e amplas promoções. Dentro desse contexto os números do 'Mirror' estão alinhados com o resto do mercado e são melhores do que em algumas partes dele".
Tradução de DENISE MOTA
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