G20 termina cúpula com impasses e promessas de recuperação econômica
Um cessar-fogo na Síria, disputas em mares ao redor da China, o lançamento de mísseis por Pyongyang, "brexit", migração e até uma polêmica sobre a ausência de uma escada para o avião do presidente Barack Obama.
Esses foram alguns dos temas espinhosos e controversos que rodearam os discursos contra o protecionismo e em defesa de um crescimento econômico mais vigoroso e igualitário durante a cúpula do G20, em Hangzhou (na China), entre domingo (4) e esta segunda-feira (5).
Greg Baker/AFP | ||
Michel Temer (esq.) posa ao lado dos líderes dos países do G20, em cúpula em Hangzhou, na China |
Ao encerrar o encontro, que não teve grandes surpresas, o presidente Xi Jinping defendeu que "a recuperação global carece de impulso" e que "é preciso fazer mais para destravar o potencial de crescimento no médio e longo prazos".
No comunicado final, os líderes das 20 potências afirmaram que a economia internacional está melhorando, "embora o crescimento ainda esteja aquém do desejado" e a perspectiva se complique diante de desafios geopolíticos, o fluxo de refugiados e o terrorismo.
Voltaram, também, a se comprometer com a cooperação e com políticas integradas e inclusivas.
Antes do documento final e da corrida dos líderes para garantir lugar na fila de decolagem no aeroporto local, a cúpula serviu de plataforma para que, em conversas paralelas e entrevistas, os países discutissem suas relações.
À presidente sul-coreana, Park Geun-hye, Xi disse se opor à instalação de um sistema antimíssil americano na península coreana, segundo a agência Xinhua.
A coreana, por outro lado, informou a agência Yonhap, disse que testes nucleares da Coreia do Norte e seus lançamentos de mísseis prejudicavam a relação de seu país com a China (mais próxima de Pyongyang).
O regime de Kim Jong-un, aliás, teve destaque nas conversas mesmo sem participar da cúpula. Nesta segunda, a Coreia do Norte disparou três mísseis balísticos, que podem ter caído a cerca de 200 km da ilha japonesa de Hokkaido —o que levou o premiê Shinzo Abe a dizer ao americano Barack Obama que o lançamento era "imperdoável".
Ainda na região, conversas a respeito das disputas pelas ambições conflitantes no mar do Sul da China (entre a China e vários vizinhos) e no mar do Leste (entre a China e o Japão) também não faltaram.
Dessa vez, até o presidente russo, Vladimir Putin, entrou no debate: em entrevista, disse que a interferência de potências não regionais da disputa pelo mar do Sul da China é "contraproducente".
Uma das expectativas era de um possível acordo entre os Estados Unidos e a Rússia, em favor de um cessar-fogo na guerra na Síria, o que acabou não ocorrendo. Putin disse esperar, no entanto, um acordo sobre o país nos próximos dias.
China e Estados Unidos ainda se envolveram em uma controvérsia diplomática. Na chegada de Obama a Hangzhou, faltou a escada para que o presidente desembarcasse, o que fez com que ele tivesse que usar uma saída alternativa.
Na pista, a assessoria do americano entrou em confronto com uma autoridade chinesa, que queria impedir que a imprensa que viajava com o presidente se aproximasse do líder. "Esse é nosso país!", gritou o chinês.
Nesta terça (6), com a partida das delegações e dos jornalistas estrangeiros, Hangzhou deve começar a voltar a sua rotina. Nos últimos dias, as largas avenidas da cidade estiveram praticamente desertas, com barreiras e postos de controle espalhados.
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