Nova banca acata recurso de 25 autodeclarados negros no Itamaraty
Dentre os 47 candidatos que se inscreveram como negros no concurso de admissão à carreira diplomática e que tiveram a autodeclaração rejeitada, 25 tiveram seus recursos acatados e não serão excluídos do certame com base na verificação de sua cor.
A lista provisória divulgada pelo Instituto Rio Branco havia causado polêmica entre diplomatas e aspirantes ao cargo, para os quais a banca incumbida de verificar a autodeclaração dos candidatos excluiu pardos da seleção.
Alguns dos reprovados haviam sido beneficiários do Programa de Ação Afirmativa do próprio Instituto Rio Branco –com critérios diferentes, segundo o Itamaraty, o projeto concede bolsa de R$ 25 mil a negros autodeclarados que passem por prova objetiva e banca de verificação.
Eduardo Valente/Frame/Folhapress | ||
Palácio do Itamaraty, em Brasília; comissão exclui 47 candidatos autodeclarados negros de concurso |
Entre os que tiveram a decisão revertida está o servidor público federal Danilo Silvério. Ele foi beneficiário do programa em cinco anos diferentes, o máximo permitido –e recebeu um total de R$ 125 mil em investimentos do Estado– fora despesas de viagens do programa. Silvério, que já tinha nota para passar pela ampla concorrência, foi convocado para a próxima fase do concurso.
Os recursos foram analisados por nova banca composta de três pessoas. Nenhum dos membros pertencia à comissão de verificação inicial.
O quadro de novos avaliadores era composto de dois embaixadores negros –Silvio Albuquerque e Benedito Fonseca– e uma conselheira ligada à questão de direitos humanos –Vanessa Dolci.
Eles analisaram os recursos no final de semana. O resultado final da verificação e a lista de convocados para a segunda fase do concurso devem ser publicadas no Diário Oficial desta quinta (15).
Dentro do Itamaraty, havia a interpretação de que a comissão verificadora encarregada do resultado provisório cometeu excessos e a expectativa de que alguns dos recursos fossem acatados para suavizar o rigor dessa primeira avaliação.
BRANCOS
Internamente, esse rigor é atribuído ao caso de Lucas Nogueira Siqueira, candidato de 2015 que teve a autodeclaração rejeitada e assiste às aulas do Instituto Rio Branco sub judice.
A percepção dos diplomatas é que ele é um caso de pessoa branca que se aproveitou do sistema de cotas. Siqueira diz se considerar negro.
De acordo com um diplomata ouvido pela Folha, a verificação passou a ser feita após a primeira fase para evitar casos como o dele.
As comissões de verificação são uma demanda do movimento negro para evitar casos como o do médico Mathias Abramovic, branco de olhos verdes que causou indignação ao se inscrever como cotista em 2013 e se declarar afrodescendente quando a checagem não era prevista.
Veja a lista de quem teve o recurso acatado:
- Adriano Bier Fagundes
- Aguida Pereira de Assis
- Alexandre Fernandes de Souza
- Andre de Almeida Chaves
- Clarissa Alves Machado
- Daniel Lopes Bretas
- Danilo Silverio
- Danilson Almeida Silva
- Fernanda Torres Lima
- Igor Goulart Teixeira
- Joao Henrique Nascimento Dias
- Jonathas Jose Silva da Silveira
- Juliana Lima Moreira Martins
- Lorena Paula Jose Duarte
- Lucas Roahny Goncalves da Silva
- Luis Marcio de Oliveira Santos
- Marcos Vinicius Ferreira de Godoy
- Mariana da Silva
- Mauricio Lima Collaziol
- Neylor Caldas Monteiro
- Paulo Henrique de Sousa Cavalcante
- Rafaela Seixas Fontes
- Rebeca Silva Mello
- Rodolfo Freire Maiche
- Veronica Couto de Oliveira Tavares
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