Temer é recebido pelo imperador do Japão, Akihito
Beto Barata/Presidência da República | ||
Temer reúne-se com o imperador do Japão, Akihito (dir.); encontro durou 28 minutos |
Em um encontro de 28 minutos, o presidente Michel Temer foi recebido pelo imperador Akihito, do Japão, na manhã desta quarta (19), no horário local.
A visita foi considerada um passo importante para aparar as arestas diplomáticas entre os dois países, agastadas por sucessivos atrasos e cancelamentos durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff.
Temer chegou sozinho às 9h09, em um automóvel Mercedes azul cobalto, com as cortinas dos vidros traseiros abertos.
O imperador o esperava na porta de um dos pavilhões da casa imperial (goshyo, literalmente ser superior, em japonês).
Os dois trocaram cumprimentos, com a intermediação de um intérprete, e fizeram uma reunião fechada.
Segundo diplomatas, no encontro, protocolar, trocam-se gentilezas e reforçam-se pontos em comum —no caso do Japão e do Brasil, as respectivas comunidades bastante numerosas em ambos os países.
Está no Brasil a maior população japonesa fora do Japão. Já os brasileiros são a terceira maior população estrangeira no Japão e fica no país asiático a terceira maior comunidade emigrante brasileira.
Os Jogos Olímpicos, que acontecerão em Tóquio em 2020 depois de terem sido sediados no Brasil, neste ano, também era um tema previsto.
O encontro terminou às 9h37. O imperador, vestindo terno e gravata azul escuro, esperou que o carro com o presidente deixasse a aleia de entrada. Depois, fez um leve aceno de cabeça para os jornalistas que esperavam em frente ao hall de entrada.
CANSADO
Em agosto, o imperador Akihito, 82, expressou desejo de que as leis que o obrigam a exerceu seu cargo atá a morte fossem reformadas.
"Estou preocupado pela dificuldade de cumprir com minhas obrigações como símbolo do Estado", declarou o monarca, cujo reinado começou em 1989, que reconheceu ter às vezes "algumas limitações", como sua condição física.
Akihito não pronunciou a palavra "abdicação" em seu discurso solene, já que a Constituição o obriga a exercer o cargo até sua morte e usar este termo seria considerado um ato político, algo que está proibido desde a rendição japonesa na Segunda Guerra Mundial (1939-45).
PROPAGANDA OLÍMPICA
A realização da Olimpíada no Brasil tem sido um tema recorrente da delegação brasileira nas relações com o Japão.
Em Tóquio, nos arredores do hotel em que o presidente Temer está hospedado e nas ruas pelas quais ele deve passar em sua visita, foram colocadas nos postes bandeiras do Brasil e do Japão.
O governo japonês vê nos Jogos de Tóquio um auxílio para seu plano de reativação da economia, estagnada desde os anos 1990.
Tóquio também aposta na Olimpíada para ganhar projeção política e diplomática na Ásia. Antiga segunda maior economia do mundo e maior potência da região, o Japão se viu ultrapassado pela China há alguns anos, tanto no tamanho do PIB quanto na projeção política.
AGENDA OFICIAL
Depois do encontro com o imperador, Temer seguiu para a federação de industriais japoneses, a Keidanren, onde teve uma reunião fechada com empresários.
Além do presidente e de diretores da federação, participaram executivos e conselheiros da Nomura Securities, Mitsui Sumitomo, Teijin, Canon Marketin, Nippon Steel & Sumitomo Metal Co. e Toyota Motor.
Do lado brasileiro, estavam o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, os ministros Moreira Franco (PPI), Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia), Mauricio Quintella (Transportes) e Leonardo Picciani (Esportes).
O presidente e a comitiva vão almoçar na sede da federação. Temer, depois, se reúne com o primeiro-ministro Shinzo Abe. À noite, ele e a primeira-dama, Marcela, serão recebidos por Abe em um jantar.
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