Líder sul-coreana demite sua equipe em meio a escândalo de corrupção
A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, ordenou a saída de seus secretários seniores como reação ao escândalo de corrupção e tráfico de influência em que está envolvida.
Park solicitou que renunciem ao cargo cerca de dez secretários de alto nível do gabinete de presidência, informou o porta-voz do governo, Jung Youn-kuk. O chefe de gabinete de Park já havia oferecido sua demissão mais cedo.
JUNG YEON-JE/ AFP | ||
Manifestantes com máscaras da presidente sul-coreana (abaixo) e de sua amiga Choi Soon-Sil protestam contra escândalo, em Seul |
A mudança em sua equipe foi interpretada como uma tentativa de amenizar as críticas pelo escândalo que ficou conhecido como "presidente na sombra" —Choi Soon-sil, amiga da presidente há 40 anos e ex-mulher de seu antigo assessor, teria tido acesso a documentos oficiais, revisado discursos presidenciais e usado seus contatos de alto nível para receber recursos destinados a órgãos públicos e privados, segundo revelaram jornais sul-coreanos.
OITO FADAS
Há rumores de que Choi criou um grupo secreto chamado "as oito fadas" para aconselhar a presidente pelos bastidores.
Choi é próxima da presidente desde que seu pai, líder de um culto religioso, ganhou a confiança de Park, supostamente por tê-la convencido de que poderia se comunicar com a mãe dela, assassinada.
O caso derrubou a taxa de aprovação de Park, com mais de 40% dos sul-coreanos pedindo sua renúncia ou impeachment, segundo pesquisas de opinião.
A procuradoria sul-coreana anunciou na quinta-feira (27) a formação de um grupo especial para investigar o caso e neste sábado (29) realizou inspeções nos escritórios de colaboradores de Park e na residência oficial da presidente em Seul, onde apreendeu documentos e computadores.
Os promotores investigam dois assessores de Park que teriam ajudado Choi a obter acesso aos discursos presidenciais e a criar duas fundações que receberam 50 bilhões de wons sul-coreanos (R$ 138,8 milhões) em contribuições.
Partidos de oposição pediram uma ampla investigação, mas não falam em impeachment.
Um pedido público de desculpas feito por Park na última terça-feira (25) fez pouco para amenizar as críticas.
Na noite deste sábado (29) no horário local, milhares de pessoas foram às ruas do centro de Seul contra a presidente, em uma manifestação organizada por grupos civis de esquerda.
JUNG YEON-JE/AFP | ||
Milhares de manifestantes participam de ato contra escândalo de tráfico de influência envolvendo a presidente sul-coreana |
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