Franceses votam em primárias da direita neste domingo
O partido francês Os Republicanos realiza neste domingo (20) o primeiro turno de suas primárias, em busca de um candidato às eleições previstas para abril de 2017.
Os três principais candidatos à nomeação são os veteranos Alain Juppé, Nicolas Sarkozy e François Fillon.
AFP | ||
Os três principais candidatos destas primárias: Alain Juppé, François Fillon e Nicolas Sarkozy |
A decisão sobre quem irá representar essa sigla de centro-direita é acompanhada atentamente na Europa.
Pesquisas recentes sugerem que o candidato dos Republicanos deve competir com Marine Le Pen, de extrema-direita, e François Hollande, de centro-esquerda.
Se o cenário permanecer estável, os Republicanos devem vencer as eleições.
O resultado é especialmente importante devido às indicações de um avanço da extrema-direita na Europa após a vitória de Donald Trump nos EUA, neste mês.
É possível que a Áustria, por exemplo, eleja Norbert Hofer em 4 de dezembro. Ele poderá ser, assim, o primeiro chefe de Estado de extrema-direita da União Europeia.
O favorito às primárias republicanas, que têm segundo turno previsto para 27 de novembro, é o ex-premiê Alain Juppé (1995-1997).
Juppé tem reconstruído sua imagem, após um governo impopular. Ele foi alvo de protestos em massa nos anos 1990 e condenado em 2004 por um esquema de corrupção na prefeitura de Paris.
Ele concorre contra o ex-presidente Nicolas Sarkozy (2007-2012), também impopular e com a candidatura prejudicada por escândalos. O ex-premiê François Fillon (2007-2012) é outro dos prediletos para a nomeação.
A presença de veteranos na disputa contribui para a apatia dos eleitores, que podem ter de escolher entre as figuras repetidas. Caso o pleito seja decidido entre Sarkozy, Le Pen e Hollande (cuja candidatura não está confirmada), será idêntico ao de 2012.
SEGURANÇA
A campanha francesa tem, por ora, se concentrado em questões como a segurança, a migração, a integração e a proteção das fronteiras.
São assuntos que se tornaram dominantes após uma série de atentados, incluindo aquele que deixou 130 mortos em Paris um ano atrás.
A temática favorece candidatos como Le Pen, com campanhas hostis a refugiados e à integração europeia.
O enfoque também ajuda na campanha de Sarkozy, que tem se apresentado como um candidato ainda mais à direita de Juppé e Fillon.
Jean-Paul Pelissier - 18.nov.2016/Reuters | ||
O ex-presidente Nicolas Sarkozy, durante evento de campanha em Nimes, sul da França, na sexta (18) |
Ele propõe, por exemplo, proibir o véu islâmico em universidades e empresas públicas e limitar o acesso à nacionalidade francesa.
"Não é tão difícil que um eleitor cruze a fronteira entre a extrema-direita e a direita", diz à Folha o especialista Gerard Grunberg, do Centro de Estudos Europeus da Sciences Po. "Sarkozy tenta atrair parte desse eleitorado."
Sua estratégia está relacionada também, afirma Grunberg, a quem vai votar neste domingo. "As pessoas que participam das primárias são mais de direita do que o eleitorado como um todo", diz.
Qualquer eleitor pode participar das primárias desde que assine uma declaração de que concorda com os ideais dos Republicanos e pague o equivalente a R$ 7. Cerca de 3,5 milhões pessoas devem votar.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis