No Chile, homenagem a Fidel reúne 500 em frente à embaixada cubana
A morte de Fidel Castro parou o trânsito em Providencia, bairro de Santiago onde fica a embaixada cubana no Chile.
Cerca de 500 militantes de esquerda foram ao local neste sábado (26) para prestar homenagens ao comunista.
A polícia interditou a avenida Los Leones durante o ato, que reuniu chilenos obrigados a deixar o país na ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Os manifestantes deixaram flores, cartazes e até charutos cubanos na porta da embaixada.
Bernardo Mello Franco/Folhapress | ||
Manifestante estende bandeira em frente à embaixada de Cuba em Santiago |
"O exemplo de Fidel contribuiu muito para a vitória da Unidade Popular no Chile, em 1970", disse à Folha a dona de casa Ruth Pino, 63. Ela participou da campanha do presidente Salvador Allende, derrubado pelo golpe militar de 1973.
"É uma perda enorme para a esquerda em toda a América Latina", afirmou o professor de inglês Oscar Seguel, que foi preso na ditadura e se exilou no Reino Unido até a queda de Pinochet, em 1990.
Ele mostrou à reportagem marcas de tortura nos braços e contou que teve os dentes arrancados com alicate na prisão.
Jovens que não vivenciaram a ditadura chilena também participaram do ato.
"Fidel continua a inspirar as novas gerações de militantes. Por isso estamos aqui hoje", disse o jornalista Pablo Toro, 29, dirigente do MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária).
BACHELET
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, lamentou a morte de Fidel. "Foi um líder pela dignidade e pela justiça social no Chile e na América Latina", afirmou a socialista, em nota.
Seu antecessor Sebastian Piñera, que governou o país pelo partido de centro-direita Renovação Nacional, fez críticas ao regime cubano.
"Minhas condolências à família de Fidel Castro. Seu legado: quase 60 anos de atropelos às liberdades, à democracia e aos direitos humanos em Cuba", disse o ex-presidente.
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