Após conquistas recentes, Exército sírio diz controlar 98% de Aleppo
O Exército da Síria, a Rússia e milícias aliadas ao regime do ditador Bashar al-Assad anunciaram nesta segunda-feira(12) ter dominado 98% de Aleppo, a segunda maior cidade do país.
Se o avanço for consolidado, esta será a maior vitória do regime em quase seis anos de guerra civil. Controlada pelos rebeldes desde 2012, a cidade é, desde julho, alvo de uma intensa ofensiva do regime e de seus aliados.
Omar Sanadiki-30.nov.2016/Reuters | ||
Civis deslocados em Aleppo recebem ajuda humanitária |
De acordo com o Exército sírio, foram retomados os bairros de Sheikh Saeed, na zona sul de Aleppo, e Saliheen e Karam al-Daadaa, na região leste. Nas últimas 24 horas, as regiões sofreram bombardeios intensos que também atingiram civis.
Confiante, o chefe do comitê de segurança de Aleppo, Zaid al-Saleh, disse que a batalha deve se encerrar em dias. "Eles não têm muito tempo. Ou eles se rendem ou vão morrer", declarou, após a conquista de Sheikh Saeed.
O Exército sírio contou com o apoio da artilharia aérea russa e, por terra, de milícias libanesas e iraquianas financiadas pelo Irã e de refugiados palestinos. Agora os combatentes rebeldes ficaram restritos ao centro da cidade.
O avanço do regime sobre Aleppo ganhou velocidade a partir do fim de novembro, quando foi iniciada uma ofensiva centralizada das tropas de Assad, das forças russas e das milícias aliadas.
Segundo o Ministério de Defesa russo, mais de 2.200 rebeldes se renderam, e 100 mil civis deixaram bastiões dos adversários do ditador em quatro semanas. Nas últimas 24 horas, Moscou afirma que houve 728 rendições e a retirada de 13 mil civis.
Diante da situação na Síria, os rebeldes têm tido reações diferentes. O Exército Sírio Livre, principal grupo, disse que alguns dos combatentes concordaram em sair, mas são impedidos pelos russos.
Já a milícia Nour el-Din disse que estão fazendo o máximo para defender o território que sobrou. Outros temem que os aliados do regime atinjam o centro com bombardeios, o que poderia matar milhares de civis que buscaram refúgio em seis bairros.
Com a concentração dos civis nesta região, a crise humanitária também deve crescer. O número de socorristas diminuiu, diversos hospitais de campanha foram destruídos e a entrada de comida e remédios ficou mais difícil.
Apesar de a situação ter piorado, a Rússia rejeitou no fim de semana uma proposta dos EUA para fazer um cessar-fogo na cidade para permitir a saída dos civis e a entrada de ajuda humanitária.
"Os russos nos informaram que uma trégua não poderia começar nos próximos dias, o que significa que a agressão do regime e de seus aliados continuará", disse o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby.
Também do outro lado, a União Europeia recuou da ameaça que fez à Rússia de aplicar novas sanções ao país pela ofensiva em Aleppo, devido à falta de consenso entre os países do bloco.
GANHOS E PERDAS
Apesar da iminente conquista de Aleppo, o regime voltou a perder no domingo (11) para a milícia terrorista Estado Islâmico (EI) o controle da histórica de Palmira, no centro do país —que era dominada pelos extremistas até maio. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. pelo menos oito soldados e milicianos aliados ao regime foram assassinados.
Palmira foi um marco na retomada do território do regime sírio, com a ajuda da Rússia e, de forma indireta, pelos ataques da coalizão liderada pelos EUA contra o EI.
O país continua partido. O regime controla a capital, Damasco, a região central e o litoral do país. O Estado Islâmico ainda detém Raqqa, que virou seu bastião, e os rebeldes controlam a periferia da capital e a província de Idlib.
Desde 2011, a guerra civil já deixou mais de 400 mil mortos, mas nenhum dos lados quer ceder. Nesta segunda, o chefe da coordenação da oposição, Riad Hijab, disse que a derrota em Aleppo não enfraquecerá o objetivo de tirar Assad do poder.
"Se Assad e seus aliados pensam que isso nos levará a fazer concessões, isso não vai acontecer", disse Hijab.
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