Departamento de Estado dos EUA ecoa críticas a decreto anti-imigração
Funcionários do departamento de Estado dos EUA circularam nesta segunda-feira (30) o rascunho de um memorando em que discordam do decreto anti-imigração do presidente Donald Trump. Além disso, embaixadas americanas relataram ao departamento o descontentamento de governos estrangeiros com a medida.
O decreto, assinado por Trump na sexta-feira (27), proíbe por 90 dias a entrada de cidadãos de Irã, Iraque, Síria, Iêmen, Somália e Sudão. A medida também barra a entrada de refugiados por 120 dias e suspende indefinidamente o acolhimento de refugiados da Síria. O decreto gerou caos entre agentes de fronteira, alfândega e imigração, em meio a manifestações em grandes aeroportos dos EUA.
"O resultado efetivo deste veto não será uma queda nos ataques terroristas nos EUA; em vez disso, haverá uma queda na boa vontade internacional em relação aos americanos e uma ameaça a nossa economia", diz memorando divulgado por meio do canal de dissenso do Departamento de Estado, plataforma que permite a funcionários expressar divergências com políticas oficiais.
O porta-voz interino do departamento de Estado, Mark Toner, disse em comunicado que a agência tem conhecimento do memorando e que valoriza o canal de dissenso, que "permite a funcionário expressar visões divergentes sobre políticas de maneira clara e privada para a chefia".
Separadamente, autoridades dos EUA relataram que o departamento recebeu no fim de semana várias correspondências de embaixadas americanas relatando consternação no exterior com relação ao decreto de Trump. Países que hospedam embaixadas expressaram descontentamento e diplomatas americanos questionaram como implementar o decreto.
Um telegrama da embaixada dos EUA em Jacarta, na Indonésia –país com a maior população muçulmana no mundo–, relatou que o decreto "despertou reação furiosa de páginas editoriais de todos os grandes veículos de imprensa indonésios", segundo afirmou um funcionário americano, lendo em voz alta o documento para a reportagem.
Indonésios expressaram nas redes sociais sua "raiva" e disseram que o decreto é "um exemplo da islamofobia da nova administração", disse o mesmo funcionário, citando o documento.
Questionado sobre as correspondências, um porta-voz do Departamento de Estado disse que a agência está em contato com as embaixadas, mas acrescentou: "Não iremos comentar sobre comunicações internas."
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