Promotor prepara denúncia contra presidente afastada da Coreia do Sul
A presidente afastada da Coreia do Sul, Park Geun-hye, se aliou com uma amiga para receber propinas do Grupo Samsung com o objetivo de cimentar o controle do vice-presidente da empresa, Jay Y. Lee, sobre o conglomerado, informou a procuradoria especial do país nesta segunda-feira (6), abrindo caminho para que Park seja processada caso perca o cargo em definitivo.
As descobertas da investigação levaram à acusação direta contra Park por várias infrações, entre elas conspiração para suborno implicando a Samsung.
Ed Jones - 04.nov.2016/Pool/Reuters | ||
Presidente afastada da Coreia do Sul, Park Geun-Hye, fala à população no começo de novembro |
Lee vai a julgamento na quinta-feira por suborno e corrupção em meio a um escândalo de corrupção que abalou a Coreia do Sul e levou o Parlamento a aprovar o impeachment da presidente.
Park, de 65 anos, teve seus poderes suspensos desde que foi afastada em dezembro. Caso a Corte Constitucional mantenha o impeachment, ela irá se tornar a primeira líder sul-coreana eleita democraticamente a ser retirada do cargo, o que desencadearia uma eleição na quarta maior economia da Ásia.
Uma decisão deve ser anunciada ainda nesta semana.
A lei sul-coreana não permite que um presidente no exercício da função seja indiciado a menos que seja acusado de traição. Nenhuma acusação formal pode ser apresentada contra Park a menos que ela seja afastada do posto ou seu mandato termine, o que aconteceria no final de fevereiro de 2018.
A perda do mandato também a sujeitaria a um novo inquérito de procuradores federais.
"As acusações de suborno relacionadas à presidente, e o caso da lista negra da cultura (...) foram transferidos para a procuradoria", disse o procurador especial Park Young-soo em uma coletiva de imprensa televisionada.
O procurador especial também disse que a presidente foi fundamental para colocar mais de 9.000 artistas, autores e profissionais da indústria cinematográfica em uma lista negra e excluí-los da assistência governamental, o que constituiu abuso de poder.
Em um comunicado detalhando as descobertas de sua investigação, a procuradoria especial disse que o Serviço Nacional de Pensões votou a favor de uma fusão de duas filiadas do Grupo Samsung em 2015, apesar de prever um prejuízo equivalente a US$ 120 milhões (R$ 373 milhões).
"O vice-presidente do Grupo Samsung, Lee Jae-yong, tramou com outros, incluindo o chefe do escritório de estratégia corporativa, Choi Gee-sung, para subornar a presidente e [sua amiga] Choi Soon-sil com o objetivo de receber apoio para sua sucessão desviando fundos corporativos", disse o procurador especial Park na coletiva, usando o nome coreano do chefe da Samsung.
Park, Choi e Lee negaram qualquer ilicitude.
Lee Sang-ho - 04.mar.2017/Xinhua | ||
Grupo de manifestantes contrário à presidente sul-coreana Park Geun-hye protesta nas ruas de Seul |
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