Maduro chama de 'golpe de Estado' declaração da OEA contra Caracas
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chamou de "golpe de Estado" a manobra usada por 20 membros da OEA nesta segunda-feira (3) para aprovar uma declaração contra seu governo.
O grupo de integrantes, que inclui o Brasil, abriu uma sessão paralela depois que o presidente do Conselho Permanente, o boliviano Diego Pary, se negou a colocar a medida em votação.
Com o apoio do secretário-geral, Luis Almagro, os países iniciaram a sessão depois que deixaram o plenário Pary e seu vice, o haitiano Jean-Victor Harvel Jean-Baptiste, aliado de Caracas. Dessa forma, assumiu o decano dos embaixadores, o hondurenho Leonidas Rosa Batista.
Em cadeia de rádio e televisão, o chavista afirmou que a manobra foi vergonhosa. "Nunca havia ocorrido uma situação tão vergonhosa como a de hoje. É um golpe de Estado contra Bolívia e Haiti, rompendo todas as regras devido ao desespero da direita em atacar a Venezuela."
Na sequência, Maduro disse que a OEA deixou de ser um Ministério de Colônias —como chamava o chanceler cubano Raúl Roa— para ser "um Tribunal de Inquisição dos governos de direita".
Ele ainda comparou a organização ocidental a um diabo e a um vampiro. "Fora daqui, OEA! Vade retro, OEA!", afirmou, usando como cruz uma cópia da Constituição venezuelana.
E voltou a afirmar que os países latinos críticos são coagidos pelos EUA. "Sei que são pressionados para romper as relações e acham que, seguindo as regras do Departamento de Estado, terão o perdão eterno."
Para o presidente, a sua oposição nunca esteve interessada no diálogo e no interesse nacional e, por isso, não estão interessados no diálogo para resolver a crise econômica e política no país.
"Se eles tivessem uma luz ou sensatez, veriam que inviável tudo o que estão fazendo. Que saiam da arrogância e da prepotência que entraram e voltem aos caminhos do diálogo político."
TEMER
No mesmo discurso, que durou uma hora e meia, Maduro ainda arremeteu contra o presidente Michel Temer, que chama de ilegítimo por considerar um golpe o impeachment de Dilma Rousseff.
O alvo foi a política externa de Brasília, que considera entreguista. "Mudaram o curso do protagonismo, de desenvolvimento, da união dos povos e do avanço progressista de Lula. Esconderam e afundaram o país."
Ele mencionou a visita a Caracas dos senadores opositores da petista, em 2015, quando tentaram se reunir com adversários do chavismo. "Disse a Dilma: cuidado com esta direita. Essa direita envenenou o país e levou ao golpe."
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