Campanha eleitoral e temor do 'brexit' arranham imagem de Theresa May
Hannah Mckay/AFP | ||
A primeira-ministra britânica Theresa May, durante campanha |
Theresa May tenta a reeleição na próxima quinta (8) antes de completar um ano como primeira-ministra britânica. É pouco tempo, ela caiu na função quase por acaso e o país viveu meses confusos com a decisão de deixar a União Europeia, a troca de governo e, agora, eleição.
Porém, apesar da campanha de apenas cinco semanas, o confronto impactou negativamente a imagem positiva que ela formou ao longo de anos na cúpula de seu partido, o Conservador, e, a partir de 2010, como ministra do Interior. Ao assumir o cargo, em julho de 2016, suas fragilidades se tornaram gritantes.
Por atitudes firmes, foi sempre comparada a Margaret Thatcher, primeira-ministra de 1979 a 1990. A sombra da Dama de Ferro é boa e ruim ao mesmo temo: boa porque os admiradores de Thatcher ainda são muitos; ruim porque a cobrança cresce.
May não tem o mesmo estilo. Discorda até do liberalismo radical que marca as teses partidárias. Ao lançar o programa de governo, disse: "Não vou me voltar à direita".
Em seus 11 meses como primeira-ministra, até agora, o governo britânico tem tratado principalmente de "brexit", imigração e terrorismo. Nos dois primeiros temas, sua posição soa confusa.
Quanto ao terror, o impacto dos ataques desse sábado (3) em Londres ainda são incertos sobre a campanha. Sobre a entrada de trabalhadores estrangeiros, seu partido defende teto anual de 100 mil, mas em sete anos não conseguiu impô-lo (e a função era de seu ministério).
A tese desagrada economistas. O Reino Unido não tem trabalhadores suficientes para sua economia.
Mas o pior para a imagem de gestora competente foi quando, indagados sobre como cortar imigração sem reduzir o crescimento, May e seus ministros não souberam responder: a proposta não está finalizada ou é falsa.
No "brexit", a indecisão já vem de origem –ela foi contra. Mas assumiu o governo para negociá-lo. Passou a defender uma posição mais dura com a Europa. E o resultado pode ser um desastre.
Com impostos de importação hoje inexistentes, os produtos perderão mercado no continente e as empresas (e o Estado) perderão funcionários. O medo do "brexit" afastou os eleitores londrinos, entre os quais a preferência pelos rivais trabalhistas saltou de 37% para 50% em um mês.
May antecipou as eleições dizendo que, para negociar o "brexit", precisava maioria parlamentar mais ampla do que a que tem hoje.
A esta altura, mesmo se eleita, ela se arrisca a passar como uma líder sobrevivente, não determinante. Mais parecida com o hesitante John Major, o sucessor de Thatcher.
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