Bombeiros não conseguem conter incêndio em Portugal
Quatro dias após o começo do incêndio mais mortal da história portuguesa, as autoridades já identificaram 32 das 64 vítimas. Entre os mortos, a maioria carbonizados, estão famílias inteiras.
É o caso do advogado Miguel Costa e de sua mulher, Ana Mafalda Lacerda, que tinham ido passar o fim de semana com os filhos –António, 6, e Joaquim, 4– em Pedrógão Grande.
Ao tentarem fugir do incêndio, foram apanhados pelas chamas na estrada nacional 236, que ficou conhecida como "estrada da morte", por ter concentrado 47 das 64 vítimas da tragédia.
Foi na via também que morreu Rodrigo Belchior, 4, que estava na região sob os cuidados do tio, Sidel Belchior, 37, enquanto os pais, recém-casados, estavam em lua de mel no exterior.
Os primeiros funerais aconteceram nesta terça (20). Segundo padres da região de Pedrógão Grande e Figueiró dos Vinhos, será preciso reforço de sacerdotes de outras partes do país para dar conta da quantidade de cerimônias fúnebres.
O governo diz que continua no esforço de identificação dos mortos, mas que, em muitos casos, o reconhecimento exigirá exames de DNA.
O incêndio no centro de Portugal, iniciado no sábado (17), segue ativo, apesar da atuação de mais de 2.000 bombeiros. Nesta terça, as chamas ficaram fora de controle no concelho (equivalente a município) de Góis, onde 27 aldeias precisaram ser esvaziadas, e o próprio centro de controle do governo foi atingido pelas labaredas.
No fim da tarde, começou a chover em vários pontos na região, o que pode ajudar a debelar as chamas.
"Estamos a viver momentos de menor tensão e a olhar para a situação de outra forma", disse o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes.
O dia, porém, ficou marcado por uma série de informações desencontradas por parte das autoridades. No fim da tarde, moradores e vários membros da equipe de combate a incêndio da região de Avelar reportaram a queda de uma aeronave Canadair que combatia os incêndios em Pedrógão Grande.
A queda do avião foi desmentida pela Proteção Civil de Portugal, que negou qualquer incidente.
EXPLICAÇÕES
Passada a comoção inicial, a população cobra explicações sobre a tragédia, que marca o primeiro grande desafio do primeiro-ministro, António Costa, desde que ele assumiu, no fim de 2015.
Costa admitiu que nenhuma das autoridades responsáveis deu ordem para interditar a estrada nacional 236, uma medida que poderia ter salvado muitas vidas.
O socialista disse que irá apurar as responsabilidades, mas que não vê indícios de falha. "É fácil dizer que a culpa é de alguém", afirmou.
Segundo Costa, todas as aldeias afetadas já foram vistoriadas, e não foi encontrado mais nenhum corpo. O governo também já anunciou que revisará sua polícia florestal.
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No sábado (17), o fogo começa a se espalhar em Pedrógão Grande, após trovoadas secas, fenômeno em que tempestade produz descargas elétricas mas a chuva evapora antes de atingir o solo. Ventos fortes e monocultura de eucaliptos ajudam a propagar as chamas |
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Ao menos 47 das 64 vítimas morrem enquanto tentavam fugir pela estrada 236, entre eles um menino de 4 anos |
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País entra em luto nacional; sobreviventes relatam "verdadeiro inferno" ao escapar de árvores em chamas e temperaturas de 43ºC |
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Mais de 1.200 bombeiros, 400 veículos e 17 aviões trabalham para conter as chamas, mas o incêndio se espalha e atinge 30 mil hectares |
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Sobrevivente viram voluntários e reúnem água e alimento para os deslocados de 40 vilarejos da região |
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