Sarney defende proposta de asilo à iraniana e diz que Lula "fez o que devia"

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), defendeu nesta quarta-feira o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no episódio de oferta de asilo político à iraniana Sakineh Mohamadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento no país persa. Sarney disse que Lula "fez o que devia" mesmo com "outra forma de raciocinar" do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.

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"Acho que o presidente Lula fez o que devia. É uma coisa inacreditável esse sistema em que, ainda nos dias de hoje, se possa pensar na morte por apedrejamento de qualquer pessoa. De maneira que acho que agimos certo, o governo agiu certo. No entanto, o presidente do Irã tem outra forma de raciocinar."

O governo do Irã indicou nesta terça-feira que rejeitará a oferta do presidente brasileiro. "Até onde sabemos, [Luiz Inácio Lula] da Silva é uma pessoa muito humana e emotiva que provavelmente não recebeu informações suficientes sobre o caso", disse o porta-voz da chancelaria iraniana, Ramin Mehmanparast. O iraniano sugeriu, ainda, que o líder brasileiro é desinformado.

Sakineh Mohamadi Ashtiani foi condenada à morte por adultério e suposto envolvimento na morte do marido.

Lula negou que tenha feito pedido de asilo político para a iraniana, mas apelou a razões humanitárias para salvar sua vida e insistiu que seria recebida no Brasil "com os braços abertos". "Eu não formulei um pedido de asilo político. O meu pedido é mais humanitário que político. Estava em um comício em Curitiba, tinha visto no dia anterior uma foto de uma mulher enterrada até perto do pescoço para ser morta a pedradas, e sou cristão: só Deus tem o direito de dar ou tirar a vida", disse Lula durante a cúpula do Mercosul, na cidade argentina de San Juan.

A República Islâmica suspendeu a sentença por apedrejamento ainda na semana passada, mas Ashtiani ainda pode ser executada por enforcamento.