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18/11/2010 - 21h48

Protestos por cólera avançam até capital, e haitianos atacam soldados brasileiros

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DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Atualizado às 22h35.

Os protestos de haitianos chegaram até a capital, Porto Príncipe, nesta quinta-feira, com manifestantes fechando ruas com barricadas e atacando com pedras veículos levando brasileiros membros da força de paz da ONU no Haiti. A polícia e os soldados responderam com bombas de gás lacrimogêneo e apontando suas armas, mas não conseguiram conter as manifestações.

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Os crescentes protestos contra os "capacetes azuis" da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) --chefiada pelo Brasil-- acontecem uma semana antes das eleições nacionais. Manifestantes destruíram cartazes de campanha do partido do presidente René Preval.

A onda de manifestação chega à capital após ter começado no norte do país, na cidade de Cap-Haitien. Os enfrentamentos já deixaram ao menos três mortos esta semana.

Os haitianos acusam membros da ONU vindos do Nepal de terem trazido o vibrião do cólera ao país.

Ramon Espinosa/AP
Brasileiro membro da força de paz da ONU no Haiti cai de caminhão em meio de manifestantes em Porto Príncipe
Brasileiro membro da força de paz da ONU no Haiti cai de caminhão em meio de manifestantes em Porto Príncipe

A epidemia já matou 1.110 pessoas e hospitalizou 18.382 desde o começo da epidemia, em meados de outubro.

Os números, segundo a Organização Pan-americana de Saúde, ainda estão subestimados. O órgão afirma que até 20 mil podem ser infectados e até 10 mil podem morrer nos próximos seis a 12 meses.

Ramon Espinosa)/AP
Mulher com sintomas de cólera é levada em carriola até o hospital St. Catherine, em Porto Príncipe
Mulher com sintomas de cólera é levada em carriola até o hospital St. Catherine, em Porto Príncipe

O cólera, particularmente fatal em crianças e idosos, se desenvolve rapidamente depois das bactérias chegarem ao intestino. Os sintomas incluem forte diarreia e desidratação e, sem tratamento, pode matar em poucas horas.

A situação deve se agravar em um país onde milhões de pessoas vivem em campos de refugiados desde o terremoto de 12 de janeiro, em condições higiênicas precárias.

PROTESTOS

Manifestantes se reuniram na praça do Campo de Marte, bem perto do Palácio presidencial, e gritavam slogans em creole, tais como "A Minustah nos trouxe a cólera". Um cartaz em creole também indicava "A Minustah joga excrementos na rua".

"Estamos contra o poder e contra a Minustah, que não fazem nada. A Minustah deveria pacificar o país e hoje estamos pior. A Minustah mata haitianos", disse Ladiou Novembre, um professor do ensino médio.

Ramon Espinosa/AP
Manifestantes tentam desviar de bomba de gás lacrimogêneo lançada pela polícia e soldados da ONU
Manifestantes tentam desviar de bomba de gás lacrimogêneo lançada pela polícia e soldados da ONU

Centenas de pessoas se reuniram na frente do Ministério de Saúde Pública para exigir a saída da Minustah

Após serem dispersados, os manifestantes se concentraram em diferentes pontos, como a faculdade de Etnologia, onde começaram a circular por grupos e a divulgar o protesto.

Segundo o porta-voz da Minustah, Vincenzo Pugliese, o temor da população de sair às ruas após os incidentes dificultam a assistência aos afetados pelo cólera.

"Um paciente com cólera precisa receber assistência em três horas para sarar", mas na atual situação, "o paciente que está em sua casa e não pode sair por causa das barricadas acaba morrendo", enfatizou.

A porta-voz da ONU em Genebra, Corinne Momal-Vanian, disse que os protestos desta segunda-feira contra a presença da Minustah no Haiti foram "politicamente motivados" pelo período pré-eleitoral.

Além disso, referiu-se a um comunicado emitido pela ONU em Porto Príncipe, que destaca que "foram feitos vários experimentos" para verificar a responsabilidade dos agentes da Minustah e todos deram negativo.

 

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