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Protestos por cólera avançam até capital, e haitianos atacam soldados brasileiros
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DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Atualizado às 22h35.
Os protestos de haitianos chegaram até a capital, Porto Príncipe, nesta quinta-feira, com manifestantes fechando ruas com barricadas e atacando com pedras veículos levando brasileiros membros da força de paz da ONU no Haiti. A polícia e os soldados responderam com bombas de gás lacrimogêneo e apontando suas armas, mas não conseguiram conter as manifestações.
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Os crescentes protestos contra os "capacetes azuis" da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) --chefiada pelo Brasil-- acontecem uma semana antes das eleições nacionais. Manifestantes destruíram cartazes de campanha do partido do presidente René Preval.
A onda de manifestação chega à capital após ter começado no norte do país, na cidade de Cap-Haitien. Os enfrentamentos já deixaram ao menos três mortos esta semana.
Os haitianos acusam membros da ONU vindos do Nepal de terem trazido o vibrião do cólera ao país.
Ramon Espinosa/AP | ||
Brasileiro membro da força de paz da ONU no Haiti cai de caminhão em meio de manifestantes em Porto Príncipe |
A epidemia já matou 1.110 pessoas e hospitalizou 18.382 desde o começo da epidemia, em meados de outubro.
Os números, segundo a Organização Pan-americana de Saúde, ainda estão subestimados. O órgão afirma que até 20 mil podem ser infectados e até 10 mil podem morrer nos próximos seis a 12 meses.
Ramon Espinosa)/AP | ||
Mulher com sintomas de cólera é levada em carriola até o hospital St. Catherine, em Porto Príncipe |
O cólera, particularmente fatal em crianças e idosos, se desenvolve rapidamente depois das bactérias chegarem ao intestino. Os sintomas incluem forte diarreia e desidratação e, sem tratamento, pode matar em poucas horas.
A situação deve se agravar em um país onde milhões de pessoas vivem em campos de refugiados desde o terremoto de 12 de janeiro, em condições higiênicas precárias.
PROTESTOS
Manifestantes se reuniram na praça do Campo de Marte, bem perto do Palácio presidencial, e gritavam slogans em creole, tais como "A Minustah nos trouxe a cólera". Um cartaz em creole também indicava "A Minustah joga excrementos na rua".
"Estamos contra o poder e contra a Minustah, que não fazem nada. A Minustah deveria pacificar o país e hoje estamos pior. A Minustah mata haitianos", disse Ladiou Novembre, um professor do ensino médio.
Ramon Espinosa/AP | ||
Manifestantes tentam desviar de bomba de gás lacrimogêneo lançada pela polícia e soldados da ONU |
Centenas de pessoas se reuniram na frente do Ministério de Saúde Pública para exigir a saída da Minustah
Após serem dispersados, os manifestantes se concentraram em diferentes pontos, como a faculdade de Etnologia, onde começaram a circular por grupos e a divulgar o protesto.
Segundo o porta-voz da Minustah, Vincenzo Pugliese, o temor da população de sair às ruas após os incidentes dificultam a assistência aos afetados pelo cólera.
"Um paciente com cólera precisa receber assistência em três horas para sarar", mas na atual situação, "o paciente que está em sua casa e não pode sair por causa das barricadas acaba morrendo", enfatizou.
A porta-voz da ONU em Genebra, Corinne Momal-Vanian, disse que os protestos desta segunda-feira contra a presença da Minustah no Haiti foram "politicamente motivados" pelo período pré-eleitoral.
Além disso, referiu-se a um comunicado emitido pela ONU em Porto Príncipe, que destaca que "foram feitos vários experimentos" para verificar a responsabilidade dos agentes da Minustah e todos deram negativo.
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