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Palestinos atacam Al Jazeera após vazamento de documentos
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DA EFE, EM JERUSALÉM
Um grupo de palestinos atacou nesta segunda-feira o escritório da rede de TV do Catar Al Jazeera localizado na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, em resposta ao vazamento de supostas propostas feitas pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) a Israel durante o processo de paz.
A própria emissora mostrou imagens de uma multidão enfurecida, que se aglomeravam na porta do escritório, e de confrontos entre os manifestantes e funcionários da Al Jazeera.
Mohamad Torokman/Reuters |
Policiais palestinos na entrada da Al Jazeera em Ramallah, onde manifestantes picharam: "Al Jazeera é uma espiã" |
O correspondente estrangeiro da TV, Alan Fischer, escreveu em sua página no Twitter que ninguém ficou ferido antes que a polícia palestina chegasse ao local.
A Al Jazeera estimou em 50 o número de manifestantes que pouco antes haviam se concentrado no centro de Ramallah, e alguns deles se dirigiram a sua sede na capital administrativa da Cisjordânia.
O episódio ocorreu após a rede de TV revelar documentos nos quais a ANP fez ofertas generosas a Israel em questões fundamentais do conflito do Oriente Médio, como refugiados, Jerusalém e o status dos lugares considerados sagrados.
O negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, declarou à emissora de rádio Voz da Palestina que os documentos, que revelam concessões "sem precedentes" aos israelenses, "não são fiéis à realidade" e rechaçou confirmar qualquer das afirmações que figuram nos mesmos.
TEMAS SENSÍVEIS
Segundo os documentos, negociadores palestinos teriam manifestado a disposição, em 2008, de permitir inclusive que Israel anexasse praticamente todos os assentamentos judaicos construídos em Jerusalém Oriental em troca de terras em outras regiões.
A proposta --que acabou recusada como insuficiente pela então chanceler israelense, Tzipi Livni-- foi feita em maio de 2008, meses antes do início da ofensiva de Israel a Gaza.
As concessões fazem parte de cerca de 1.700 documentos que a cadeia de TV do Qatar Al Jazeera começou a difundir na noite deste domingo --e que foram compartilhados com o jornal britânico "Guardian"--, mantidos em segredo desde 1999 e que revelam detalhes sobre as negociações de paz entre palestinos e israelenses.
Na prática, Israel tem controlado Jerusalém e a Cisjordânia desde 1967. Nos últimos 44 anos, foram estabelecidos mais de cem assentamentos na região, que são habitados por cerca de 500 mil colonos judeus.
O atual governo, do premiê Binyamin Netanyahu, rejeita compartilhar Jerusalém com um futuro Estado palestino. Os palestinos querem que Jerusalém Oriental seja sua capital.
Os assentamentos são considerados ilegais, e a comunidade internacional nunca reconheceu a anexação da parte leste de Jerusalém por Israel. A ação, no entanto, tem o apoio da maioria dos judeus israelenses.
RESPOSTA
O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, negou nesta segunda-feira ter oferecido concessões secretas a Israel e afirmou que documentos secretos sobre as negociações de paz entre os dois lados apresentam posições israelenses, e não de seus próprios negociadores.
"O que se pretendeu foi um confusão", disse durante uma entrevista coletiva no Cairo, após reunião com o presidente do Egito, Hosni Mubarak.
"A publicação desses documentos foi intencional e tem o objetivo de mesclar os assuntos entre as propostas palestinas e as israelenses", reiterou. "Queremos confirmar de novo que não temos nenhuma segredo para esconder e tudo o que negociamos ou nos é proposto ou propomos, apresentados em detalhes aos países árabes confirmado com documentos, e todos os árabes sabem disso."
Já o movimento islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza e é rival do Fatah, o partido que domina a ANP, disse que os documentos demonstram que Abbas está aliado a Israel.
Segundo o porta-voz do grupo, Sami abu Zuhri, esses documentos "são uma clara evidência de que a Autoridade [Nacional] Palestina coopera secretamente com a ocupação [israelense] e reflete seu papel para eliminar a justa causa palestina".
Para ele, o chamado "WikiLeaks palestino" prova que a ANP "coopera para manter o bloqueio à Gaza" e "esteve envolvida" na ofensiva militar israelense à região no final de 2008, na qual morreram mais de 1.400 palestinos, a maioria civis.
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