Domine um tema e zombe de si mesmo; veja mais dicas de stand-up comedy
Em julho de 1998, antes da onda de stand-up comedy invadir o Brasil, a atriz Agnes Zuliani já dava aulas sobre o gênero humorístico na Oficina da Palavra, na casa Mario de Andrade, em São Paulo.
A comediante estudou teatro no Instituto Lee Strasberg, de Nova York. Lá trabalhou com a "memória emocional e sensorial", o que a ajudou na criação de personagens e de seu estilo "relaxado" de interpretar.
Em conversa com a Folha, Zuliani deu dicas para quem pretende se aventurar pelo stand-up comedy.
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Segundo ela, o comediante precisa ter familiaridade com os temas de que vai tratar.
"Tem de ser assuntos dos quais ele possa falar com humor, é claro, mas sobretudo com propriedade", afirmou.
Em geral, o stand-up comedy é autodepreciativo. Evite zombar do outro.
"O cara que faz stand-up tem que ter o jogo de cintura para tirar sarro de si", observou.
"No Brasil, nos acostumamos a rir do outro, do humor politicamente incorreto. É muito poder [o do comediante], não use-o contra quem não pode se defender."
E há uma lógica em seu raciocínio. Quanto mais você fala de si mesmo, mais aquele que se identifica com os seus problemas sente-se bem.
"Ele ri com gosto, pois sabe que não está sozinho."
Temas como costumes de família, a vida na cidade e os problemas do país podem ser abordados de forma engraçada. Mas lembre-se da autodepreciação.
"Posso até falar mal do brasileiro, mas me incluo entre eles, ou falar dos hábitos da família, tomando como exemplo a minha própria", orientou a atriz.
Criticar quem tem poder é "importantíssimo", avaliou Zuliani, mas o comediante tem que deixar claro qual é a sua opinião.
A persona que o humorista cria no stand-up é ele mesmo, mas exagerado, ela explicou. "É você elevado à décima potência."
Sempre haverá temas sensíveis. Evite-os a menos que esteja confiante.
"Com síndrome de Down, por exemplo, é impossível fazer uma boa piada. Você pode até tentar, mas vai pagar um preço por isso."
Por fim, Zuliani orienta o candidato a engraçado a se testar.
"Não adianta ser só o comediante de escola", que levou a fama e acomodou-se nela. "É necessário que pessoas críticas te julguem engraçado."
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