Herman Voorwald: Avaliar para avançar mais
O sistema educacional paulista é o maior da América Latina. Não apenas por sua grandeza caracterizada pelos mais de 4 milhões de alunos atendidos e dos 300 mil funcionários que atuam diariamente pela garantia do ensino, dos 5.300 prédios escolares, da merenda, do transporte escolar e do material didático para todos estudantes, mas, sobretudo, por sua prerrogativa de inclusão.
Foi isso que fez com que São Paulo se tornasse um dos Estados com a mais elevada taxa de escolarização do país, com mais de 98% de crianças na escola no ensino fundamental, aprendendo.
Se por um lado a política educacional possibilitou que a escola estivesse à disposição de todos, por outro nos incutiu responsabilidades ainda maiores: o desafio permanente de aprimorar o ensino e oferecer uma formação básica de qualidade.
O governo do Estado criou um currículo oficial, disponível para todos os estudantes, nos 645 municípios, o que permite, por meio de materiais didáticos apropriados, uma base curricular única e disponível a todos.
A nova política educacional foi acompanhada de um sistema de avaliação, cujo principal objetivo é mapear o nível de aprendizado dos estudantes e, consequentemente, da rede estadual de ensino.
O Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) faz o diagnóstico se os alunos estão aprendendo, identifica o que não tem dado certo e auxilia na construção de novas ações, com foco nas intervenções necessárias. Isso possibilita ao gestor público avaliar estratégias, avanços e programas.
Este ano, as provas ocorrerão nos dias 11 e 12 de novembro e serão avaliados 2,1 milhões de alunos do 2º, 3º, 5º, 7º e 9º anos e jovens da 3ª série do ensino médio de todas as escolas estaduais de São Paulo.
O momento é de extrema importância não apenas para alunos, professores e equipe gestora das unidades de ensino, mas sobremaneira para os pais. A participação dos responsáveis pelas crianças e adolescentes neste processo é fundamental para que tenhamos não somente a adesão do maior número possível de estudantes, mas de seu efetivo comprometimento na realização das provas.
É inegável que ainda há muito a ser feito, mas os últimos resultados mostram avanços em áreas importantes.
De acordo com o mais recente mapeamento do Saresp, por exemplo, as crianças da rede estadual de São Paulo estão aprendendo a ler e escrever aos sete anos, um ano mais cedo que o restante do país. Indicador essencial, uma vez que a alfabetização é uma das principais etapas da formação de crianças e jovens.
A diversidade e complexidade, inclusive social, que envolve os estudantes de um sistema de ensino como o de São Paulo não nos permite errar. Mais do que fornecer professores capacitados, carteiras, lousas, livros e cadernos, a escola pública tem, muitas vezes, uma função social inalienável.
O desafio é, portanto, investir em um sistema que consiga abarcar fragilidades e proporcionar avanços, respeitando a história e os anseios dos milhões que aqui frequentam.
É notório que em educação as ações bem sucedidas partem prioritariamente da união de esforços. Estamos acostumados a atuar conjuntamente, a lidar com as adversidades intrínsecas de um sistema de ensino complexo e com tamanha diversidade, tal qual é o estadual paulista. Por isso, este é mais um momento de mobilização.
Juntos e imbuídos da certeza de que somente por meio da educação, cujo poder de transformação é capaz de provocar mudanças profundas na sociedade, vislumbraremos um futuro melhor.
HERMAN VOORWALD é professor e secretário da Educação do Estado de São Paulo
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