Editorial: À espera da saúde
Tendo cumprido quase metade de seu tempo à frente da Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad (PT) ainda deve à população melhores resultados no campo da saúde. As realizações de sua gestão nessa área compõem quadro preocupante e que inspira cuidados.
Dados da própria administração municipal mostram que, na média, não passa de 33% a taxa de execução dos objetivos a serem atingidos até 2016. Mantido o ritmo, Haddad não conseguirá cumpri-los ao término de seu mandato.
Traz especial preocupação a situação das Unidades Básicas de Saúde, responsáveis pelo atendimento primário. Das 43 prometidas –número depois elevado para 65–, somente quatro ficaram prontas; outras 11 estão em fase de licitação; para as demais não há nem previsão de entrega.
Também caminha a passos lentos a implantação da Rede Hora Certa, principal aposta de Haddad nessa área. Reunindo, num mesmo local, atendimento com hora marcada e acesso a diferentes especialistas, com consultas, exames e pequenas cirurgias, seria o remédio para reduzir as longas filas do sistema de saúde.
A realidade, todavia, destoa da propaganda petista. José de Filippi Junior, secretário da Saúde, reconhece a dificuldade para diminuir a espera em alguns setores, e os dados de julho (última atualização disponível) não deixam dúvidas quanto a isso. Se a fila para exames caiu de 194 para 124 dias, a demora para conseguir uma cirurgia aumentou de 256 para 284.
É muito tempo, em qualquer caso, para quem depende desse atendimento para identificar enfermidades e combatê-las. Se o prefeito está convencido de que a Rede Hora Certa é a solução adequada, deveria acelerar sua instalação. Por enquanto, apenas 10 das 32 unidades anunciadas estão em atividade.
Entretanto, se a administração Haddad patina diante dos problemas sistêmicos da rede de saúde, mostra evolução no ataque a questões específicas, como o cuidado destinado aos moradores de rua.
A prefeitura entregou mais unidades móveis para o atendimento a essas pessoas do que prometera. Importante em si, a iniciativa tem também apelo simbólico, ao promover assistência médica a um grupo tradicionalmente desassistido.
É pouco, no entanto, para formar um diagnóstico positivo da gestão na área. O conjunto da população ainda aguarda a solução de problemas básicos.
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