editorial
Passear na Paulista
O fechamento da avenida Paulista para veículos no próximo domingo (23), abrindo-a para o lazer da população, será o segundo teste de uma iniciativa que, tudo indica, em breve se tornará permanente.
No primeiro experimento, realizado em 28 de junho, dia da inauguração da ciclovia local, milhares de pessoas (não houve contagem oficial) ocuparam a via, que ficou interditada das 10h às 17h.
A circulação de automóveis e ônibus, desviada para ruas adjacentes, não sofreu impacto significativo, segundo estudo da Companhia de Engenharia de Tráfego.
Desta vez, a avenida será fechada para a inauguração da ciclovia que ligará a Paulista à rua Vergueiro, no Paraíso (zona sul). De acordo com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), se tudo sair a contento, a operação dominical será adotada em definitivo.
Iniciativas dessa natureza merecem apoio. Constituem um modo de enfrentar a falta de parques e de áreas verdes em uma metrópole quase sempre hostil ao pedestre. No caso específico da Paulista, o espaço ainda é repleto das mais variadas atividades culturais.
Vale lembrar, de todo modo, que medidas como essa não representam novidade. Há pelo menos 40 anos a população desfruta de vias interditadas aos domingos e feriados. São hoje mais de mil as chamadas Ruas de Lazer.
O próprio fechamento da Paulista para esse fim não é inédito. Em 2004, durante a administração da então petista Marta Suplicy (PMDB), a avenida foi destinada com sucesso ao recreio do paulistano por mais de 20 domingos.
Os méritos da medida e a experiência acumulada, porém, não eximem a prefeitura de fazer avaliação constante de seus impactos sobre o trânsito, o comércio e a vida dos moradores da região.
Dentre os diretamente envolvidos pela mudança, a Associação Paulista Viva –entidade que atua como porta-voz de empresários, comerciantes e residentes locais– teme possíveis prejuízos financeiros de lojas, bares e restaurantes. Os hospitais do entorno, por sua vez, disseram não se opor à iniciativa.
É esperado para sexta-feira (21) o anúncio das normas de tráfego no domingo, que regularão a passagem de ambulâncias e de carros de moradores, bem como o acesso a hotéis. Se contemplar adequadamente o interesse de todos, a prefeitura permitirá que os benefícios da interdição superem em muito as dificuldades que possa vir a causar.
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