Marcelo Rossi
O verdadeiro sentido do Natal
Enquanto elaborava este artigo, veio-me à mente que, há dez anos, no Natal de 2005, o Brasil passava por uma situação financeira estável e de crescimento acentuado. As pessoas iam passear e comprar em diversos lugares. Muitas delas não agradeciam ao aniversariante, Jesus. Ficavam no secundário e esqueciam o primordial.
Hoje vivemos uma grave crise financeira, que repercute também nos âmbitos moral e político. Vivemos cercados pela cultura da morte, na qual até em nome de Deus se mata. Lembremos das vítimas do atentado em Paris.
Como diz Jesus em São João, capítulo 17, orando e rogando por nós ao Pai: "Não peço que os tires do mundo, porque eles não são do mundo, mas que os livre do mal".
É incrível como o nosso Santuário Mãe de Deus, na diocese de Santo Amaro, está sempre lotado, em qualquer horário.
Em 2005, eu tinha uma área quatro vezes menor. Nem metade do Santuário chegava a lotar em todas as celebrações. Hoje tenho um espaço de 30 mil m², com pessoas dentro e fora do Santuário.
O que mudou? Jesus já foi claro, não dá para servir a Deus e ao dinheiro –ou sirvo a um ou a outro.
Feita essa reflexão, quero pedir a Jesus que, neste Natal, tenhamos uma consciência cheia do poder do Espírito Santo de Deus. Neste texto, por isso, tomo a liberdade de orar com e por vocês.
Peço aos católicos que vivam de fato a sua fé, como cristãos autênticos que dão exemplo e amam Jesus como o verdadeiro Senhor de suas vidas. Rogo para que não seja apenas uma fé de boca, mas, como diz são Tiago, uma fé com obras, porque fé sem obras é fé morta.
Rogo por todos os não cristãos, meus irmãos judeus, islâmicos, budistas, para que possamos ter um verdadeiro diálogo das sementes do verbo, como prega o Concílio Vaticano, que nos leve ao verdadeiro sentido do amor e da paz, ou seja, a um verdadeiro diálogo inter-religioso. Por fim, oro por aqueles que não creem em Deus.
Natal é nascimento, no qual o aniversariante é Jesus, Senhor e Rei da paz, da verdadeira paz. Precisamos celebrá-lo de coração puro e espírito decidido, a viver as bem-aventuranças que o Senhor nos ensinou. Cito uma em especial: "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque verão a Deus".
Que a paz de Jesus nos tire da cegueira espiritual e fanática. Não nos esqueçamos jamais do aniversariante, pois Natal sem Jesus não é Natal, é apenas festa de confraternização.
Aqui termino desejando que de fato vivamos a vida e a abundância do amor daquele que nasceu para nos salvar e nos levar a servir principalmente aos que mais precisam.
Como disse o querido papa Francisco quando pisou em nossa terra, citando Pedro: "Ouro e prata eu não tenho, mas o que tenho eu vos dou: Jesus Cristo".
Nasce o salvador Jesus. A todos Feliz Natal e um abençoado e próspero 2016.
PADRE MARCELO ROSSI, 48, é pároco e reitor do Santuário Mãe de Deus da Diocese de Santo Amaro
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