Agência de publicidade é investigada em CPI na Bahia
Maior agência de publicidade do Norte e Nordeste, a Propeg está sendo investigada por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembléia Legislativa da Bahia desde o ano passado para apurar supostas irregularidades que levaram a Ebal (Empresa Baiana de Alimentos) à falência. Entre 2003 e 2006, o prejuízo acumulado da empresa foi de R$ 620 milhões. A Ebal é uma empresa de economia mista, mas o seu maior acionista é o governo da Bahia.
Segundo o deputado José Neto (PT), no mesmo período em que a Ebal foi à falência, a Propeg recebeu R$ 33,4 milhões --do total, R$ 11,9 milhões nos primeiros seis meses do ano passado. "O contrato entre a agência e a Ebal sofreu muitos aditivos, sem maiores explicações", disse o parlamentar, relator da CPI.
Durante as investigações --o relatório será apresentado no próximo dia 20--, os integrantes da CPI apontaram diversas irregularidades no contrato entre a Propeg e a Ebal. O deputado José Neto disse que a agência utilizou "pareceres controversos" da Procuradoria Geral do Estado para aplicar aditivos no contrato, concentrou os serviços em poucos fornecedores, "indicando direcionamento favorável" e realizou pagamentos indevidos de honorários, "sem comprovação efetiva do recebimento pelo beneficiário".
Inicialmente, o contrato entre a Propeg --que venceu a licitação realizada pelo governo Paulo Souto (DEM)-- e a Ebal era de R$ 3,4 milhões, podendo ser prorrogado por três anos e alcançar o valor de R$ 12,8 milhões. "Somente de aditivos, a Propeg recebeu R$ 29,9 milhões de uma empresa que estava falida", afirmou José Neto.
No começo do ano passado, todas as 425 lojas administradas pela Ebal (supermercados que comercializam produtos básicos mais baratos à população) estavam fechadas. Depois de alguns meses, o governador Jaques Wagner (PT) reabriu 260 estabelecimentos.
Em seu depoimento à CPI, o publicitário Fernando Barros, presidente da Propeg, negou irregularidades e disse que os aditivos foram feitos dentro da lei. "O gestor [governo baiano] entendia que devia manter a marca da Ebal viva porque o maior patrimônio da empresa é a marca. E o que faz uma boa marca é a sua presença na mídia", disse ontem o publicitário.
Na Bahia, durante os 16 anos de hegemonia na política estadual mantidos pelo grupo comandado pelo senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), a Propeg sempre trabalhou para o governo. Com a chegada de Jaques Wagner ao poder, a agência não participou da licitação. Segundo o governo petista, no último ano da administração Paulo Souto (2006), a Propeg ficou com quase 80% do total da verba publicitária (R$ 130 milhões).
Com 135 funcionários divididos em três unidades (Salvador, Brasília e Lauro de Freitas) e faturamento de R$ 350 milhões (em 2007), a Propeg ajudou a eleger o presidente Fernando Henrique Cardoso, em seu primeiro mandato --a conta foi dividida com o publicitário Nizan Guanaes. Durante os oito anos de mandato de FHC, a Propeg trabalhou para a Petrobras e ministérios das Minas e Energia e do Planejamento.
No governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a agência trabalha para o Ministério da Saúde. Para a iniciativa privada, a Propeg tem as contas da Odebrecht e da rede de lojas Insinuante, entre outros grandes clientes.
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