Aliado de ex-presidente da Valec tinha contrato suspeito em SP
Um empresário suspeito de integrar esquema de desvio de recursos supostamente comandado pelo ex-presidente da Valec José Francisco das Neves recebeu R$ 4 milhões da Prefeitura de Paulínia (117 km de SP) por um contrato feito sem licitação e considerado irregular pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Marcelo Cascão Araújo foi preso no início do mês pela Polícia Federal, sob suspeita de integrar esquema de lavagem de dinheiro de Neves. Ele já foi solto.
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Alan Marques - 18.out.07/Folhapress |
José Francisco das Neves, então diretor da Valec, durante depoimento em comissão do Senado em 2007 |
Segundo o procurador Hélio Telho, Cascão é sócio de duas empresas que serviriam para camuflar o patrimônio de Neves. A USI Participações e a Mundi Desenvolvimento Imobiliário "apenas existem com o propósito de afastar o patrimônio da pessoa de José Francisco das Neves", diz.
Entre os bens do grupo bloqueados pela Justiça na última semana está um imóvel com dois galpões em nome da Mundi que já foram do ex-prefeito de Paulínia Edson Moura (PMDB).
Em abril de 2008, a administração de Moura contratou a MS&RCasoft Comércio de Materiais de Informática --da qual Cascão foi sócio até fevereiro de 2009-- para elaboração de um programa de TV digital interativa.
A ideia era que moradores da cidade agendassem consultas médicas ou matrículas escolares por meio da TV.
No entanto, a administração do atual prefeito, José Pavan Júnior (PSB) --adversário político de Moura--, diz que "ninguém no departamento de informática foi treinado para esse projeto".
"Verificamos que não há nenhum equipamento na prefeitura, nem qualquer informação sobre onde estariam os softwares desenvolvidos", disse o secretário de Planejamento, Esdras Pavan.
O TCE apontou que não havia motivos para dispensar licitação no contrato, que faltava um projeto básico e que o fornecimento e a incorporação do material ao município não foram comprovados.
O atual diretor da empresa, Rodrigo Araújo, irmão de Cascão, diz que o serviço foi prestado e que equipamentos foram entregues. A reportagem tentou contato com as defesas de Cascão e Moura, mas não obteve retornos.
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