Fórum Social no RS deve ser esvaziado por racha sindical
Um racha entre centrais sindicais deve esvaziar a edição 2013 do Fórum Social Mundial de Porto Alegre, que começa na semana que vem.
O evento no Rio Grande do Sul -neste ano uma prévia do encontro global que será feito em março na Tunísia- não terá a participação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), sua tradicional apoiadora, e de outros movimentos sociais.
Eles reclamam da "institucionalização" do fórum pela prefeitura e da influência da Força Sindical sobre a organização. A Força é ligada ao PDT, mesmo partido do prefeito José Fortunati.
A partir deste ano, o Fórum Social, criado como contraponto ao Fórum Econômico de Davos, na Suíça, será um evento fixo no calendário oficial de Porto Alegre a cada janeiro. O município é o principal financiador, com ao menos R$ 1,4 milhão investidos na edição deste ano.
O governador do Estado, Tarso Genro (PT) também deve dar apoio ao encontro.
Entre os motivos da desavença estão os temas escolhidos como prioritários nos debates. A questão ambiental novamente será um dos focos. A escolha contraria antigos participantes que entendem que o principal assunto do momento é a crise econômica internacional.
A CUT também questiona a aproximação dos organizadores com o setor turístico local, que vê nos visitantes do fórum uma chance de movimentar a economia no verão.
O presidente da central no Rio Grande do Sul, Claudir Nespolo, diz que a situação indica que o "negócio" virou mais importante e que o encontro foi banalizado.
Além disso, a presença de um movimento ligado a uma maçonaria também virou alvo de críticas.
Grupos como a Marcha Mundial de Mulheres, movimentos sem-terra e a Associação Brasileira de ONGs também não vão participar.
Sem a CUT, o evento acaba se distanciando também do PT, que ajudou a criá-lo em 2001. O fórum foi uma das marcas da gestão de 16 anos do partido no município.
Enquanto em 2012 a presidente Dilma Rousseff deu prestígio ao evento ao ir a Porto Alegre e debater com ativistas, para este ano ainda não há presenças de peso confirmadas.
As primeiras edições do encontro tiveram participação de chefes de Estado, entre eles o venezuelano Hugo Chávez.
Após o sucesso daquela época, o evento foi para outras cidades, como Caracas, na Venezuela, e Belém (PA).
Porto Alegre, então, passou a abrigar encontros paralelos, chamados de descentralizados.
O presidente da Força Sindical do Rio Grande do Sul, Cláudio Janta, que também é vereador pelo PDT, diz que há sectarismo na atitude da CUT e que não se pode debater apenas "filosofia" no encontro.
"Tudo foi discutido. E chega aos 44 do segundo tempo e dizem: não brinco mais."
O secretário municipal da Governança, Cezar Busatto, diz que a prefeitura não irá conduzir o fórum e não vai se envolver no atrito entre as centrais sindicais.
Para ele, a CUT anteriormente tinha uma "hegemonia" no evento e agora há "estresse" entre as entidades.
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