Comissão da Verdade vai propor revisão da formação de militares
Propostas como a revisão do modelo de formação dos militares brasileiros e a autonomia do Arquivo Nacional deverão constar na lista de recomendações que a Comissão Nacional da Verdade divulgará ao final de seu mandato, em maio de 2014.
As medidas são defendidas pelo coordenador do colegiado e ex-procurador-geral da República, Cláudio Fonteles.
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"Como estamos formando esses jovens? Dizendo que o Exército tem que dar golpe de Estado? Que eles têm que conseguir algo a todo custo, não importa a que preço? Não pode ser", disse Fonteles sobre a preparação de militares para integrar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica.
Segundo o coordenador, a comissão ainda não fez uma análise aprofundada sobre a formação de novos militares.
Outra possível recomendação será a de transformar o Arquivo Nacional em um centro de pesquisa documental autônomo. "Não tem que ser um órgão da estrutura burocrática. Tem que se transformar num grande centro nacional que tenha autonomia."
Subordinado ao Ministério da Justiça, o Arquivo Nacional é responsável por gerir os documentos da administração pública federal, como os relacionados ao período da ditadura militar (1964-1985).
Também poderá constar na lista de recomendações sugestão para que prédios onde funcionaram centros de repressão sejam transformados em "locais de memória". Um exemplo é o Memorial da Resistência, em São Paulo -museu sobre a ditadura que funciona na sede do extinto Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social).
Há projetos semelhantes para a Casa da Morte, em Petrópolis (RJ) -centro clandestino de torturas-, e para o prédio que abrigou, em São Paulo, o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operação de Defesa Interna).
Prevista na lei que criou a comissão, a lista de recomendações de medidas para prevenir violações de direitos humanos irá para o relatório de atividades do colegiado.
Em seu último mês como coordenador do grupo, Fonteles diz que o legado da comissão será o empenho para que "as gerações brasileiras presentes e futuras nunca mais tenham uma experiência de Estado ditatorial". (PATRÍCIA BBRITTO)
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