Ruralistas convocam Gilberto Carvalho para dar explicações sobre terras indígenas
Em mais uma ofensiva da bancada ruralista, a Comissão de Agricultura da Câmara aprovou nesta quarta-feira (12) a convocação do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) para dar explicações aos deputados sobre a demarcação de terras indígenas.
Responsável pela interlocução do Planalto com os movimentos sociais, Carvalho terá que comparecer ao Congresso. Parlamentares alinhados com o governo tentaram transformar a convocação em convite, mas a bancada não recuou. O requerimento de convocação foi aprovado por 25 votos a favor e 10 contrários.
Índios que invadiram a Funai dizem que órgão não fornece alimentação adequada
Em abril, a bancada ruralista convocou a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) também para dar explicações sobre o sistema de demarcação de terras. As convocações dos ministros tentam pressionar o governo a mudar o modelo de definição dessas terras. Eles reclamam da atuação da Funai (Fundação Nacional dos Índios) que realiza os estudos.
Para o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), o fórum criado na semana passada pelo governo para tratar dos conflitos entre fazendeiros e índios terena, no Mato Grosso do Sul, pode "encontrar uma saída para todo o Brasil". "Tenho muita esperança no diálogo e é nessa perspectiva que o governo federal está se conduzindo", afirmou Cardozo após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Alan Marques-15.ago.12/Folhapress | ||
Ministro Gilberto Carvalho foi convocado pela bancada ruralista para dar explicações sobre a demarcação de terras indígenas |
Na semana que vem acontecerá a primeira reunião do Fórum, com representantes do governo, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), além dos índios e dos fazendeiros.
Há duas semanas um índio terena morreu em confronto com policiais durante reintegração de posse no Estado coordenada pela Polícia Federal e motivada por uma decisão judicial anterior. "Queremos iniciar um processo amplo de negociação e que todas as teses serão colocadas", afirmou.
Nos últimos dias, índios de diferentes etnias protestaram em Brasília, entre eles, os mundurucu. Eles são contra a construção de usinas hidrelétricas na Amazônia e invadiram a Funai (Fundação Nacional do índio).
Os mundurucu serão afetados por um conjunto de cinco usinas a serem erguidas no rio Tapajós, no oeste do Pará, e dizem que a Constituição dá a eles poder de veto sobre os projetos.
Cardozo disse que será dado "apoio para o retorno [dos índios], inclusive [com] avião da FAB (Força Aérea Brasileira). "Evidentemente não cabe a nós entrar nesse mérito sobre a decisão deles de ficar ou não", disse.
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