Coordenadora da Comissão da Verdade lamenta saída de Claudio Fonteles
A coordenadora da Comissão Nacional da Verdade, Rosa Cardoso, lamentou nesta terça-feira (18) a saída do ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles do colegiado.
"Ele saiu e eu fico. Lamento profundamente. Não tenho nenhuma divergência com ele e temos um entendimento significativo a respeito das questões da comissão."
Cláudio Fonteles anuncia saída da Comissão da Verdade
Sobre as razões para a saída, Rosa afirmou que apenas Fonteles pode se pronunciar sobre o assunto. A comissão informou em nota que ele alegou motivos pessoais para deixar a função.
Há divergências internas entre os membros do colegiado sobre a condução dos trabalhos e a divulgação dos resultados já obtidos.
A respeito do assunto, Rosa afirmou que em "um coletivo que tem pessoas com uma formação muito diferente, há diferenças de metodologia no enfrentamento das questões."
"Isso é inegável que gera tensões. Mas o porquê dele ter decidido que em um dado momento não convinha ficar mais, só ele poderá explicar", afirmou após audiência da comissão para ouvir cinco militares cassados na ditadura.
Fonteles coordenou a comissão entre setembro de 2012 e fevereiro de 2013 e substituía Rosa quando necessário.
Ele comunicou a decisão aos membros durante reunião do colegiado na manhã de ontem e entregou um termo por escrito, que foi encaminhado hoje para a presidente Dilma Rousseff.
Rosa afirmou que pretende ficar na comissão até o final dos trabalhos.
SUBSTITUTO
A escolha do substituto é um dos pontos que deve ocupar a comissão. Em abril, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp, pediu afastamento do órgão, mas ainda não foi encontrado alguém para ficar em seu lugar. A coordenadora diz que ele não está atuando mais.
"A necessidade de se fazer uma escolha é maior agora porque agora não falta só um comissário, mas dois", disse Rosa.
A coordenadora destacou que as tarefas do órgão são extensas. "Temos um pedaço grande do Brasil ainda para percorrer e até criar comissões em Estados que ainda não têm."
A Comissão Nacional da Verdade foi criada para investigar crimes de violação de direitos humanos cometidos por agentes da repressão ocorridos entre 1946 e 1988, em especial durante a ditadura militar.
O grupo tomou posse em maio de 2012, com prazo de dois anos, que foi prorrogado e se estenderá até novembro de 2014.
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