Oposição quer tornar referendo obrigatório para que a população mude o sistema político
Numa reação ao plebiscito sobre a reforma política sugerido pela presidente Dilma Rousseff, a oposição quer aprovar proposta de emenda constitucional que obriga a realização de referendo para a população aprovar mudanças no sistema político. Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) disse que o governo "não entendeu nada" das manifestações populares e, por isso, o Congresso deve reagir aprovando o referendo.
Segundo Aécio, a consulta popular seria realizada no mesmo dia das eleições de 2014 para que a população tenha o direito de referendar, ou não, a reforma política aprovada pelo Congresso até lá.
George Gianni/Divulgação | ||
Aécio Neves (PSDB-MG) concedeu entrevista nesta terça-feira (02) e falou sobre a proposta de plebiscito do governo |
"A presidente acorda de um sono profundo e apresenta ao Congresso alguns temas de reforma política que não respondem às demandas da população brasileira. O que ela busca fazer é convidar o Congresso para um passeio de primeira classe numa cabine do Titanic", atacou o tucano.
Editoria de Arte/Folhapress |
Em uma crítica a Dilma, Aécio disse que se a seleção brasileira de futebol adotasse o "estilo Dilma" de governar, o "meio de campo" estaria embolado. Ontem, Dilma disse que o seu governo tinha o "padrão Filipão", em referência ao técnico da seleção que venceu no domingo a Copa das Confederações.
"Se fosse governo estilo Felipão, se o Felipão governasse inspirado na presidente Dilma, nós teríamos aí mais de 40 jogadores em campo e embolaria muito o meio de campo, como está embolado do governo desde a posse da presidente."
Aécio classificou de "desrespeito" a proposta de plebiscito encaminhada pela presidente por incluir propostas que "interessam ao PT" na reforma política.
Além da oposição, governistas se irritaram com o envio da mensagem sobre o plebiscito porque consideram que Dilma poderia ter negociado com o Congresso a aprovação de pontos da reforma política --e não consultar a população às vésperas do fim do prazo fixado pela Justiça Eleitoral para que as mudanças no sistema político estejam valendo na disputa de 2014.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que pelo menos dois pontos da mensagem de Dilma para serem incluídos no plebiscito já estão "superados" --o fim do voto secreto no Congresso e a extinção de suplência de senador.
"Um deles manda que façamos voto aberto. O Senado já votou essa proposta, ela tramita na Câmara onde já foi apreciada na Comissão de Constituição e Justiça e será rapidamente apreciada pelo plenário da Câmara. A matéria sobre suplente de senador está pacificada aqui no Senado e será tratada prioritariamente", afirmou.
ENCONTRO
Congressistas também se irritaram com o fato de Dilma, depois de anunciar que se reuniria com a oposição, desistiu do encontro com o DEM e o PSDB. Em conversa com Renan, na semana passada, a presidente disse que chamaria a oposição para discutir o plebiscito, mas enviou a mensagem sobre a consulta popular ao Congresso sem ouvir os oposicionistas --apenas se reuniu com o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
"A presidente não gosta do diálogo, prefere o monólogo. Para isso, fez uma reunião com governadores e prefeitos, constrangendo-os a todos, apenas ela falou. Fez outras reuniões com setores da sociedade, já cooptados boa parte deles, pelo governo com verbas públicas e acha que está dando alguma resposta à sociedade", disse o senador.
PSB
A cúpula do PSB, liderada pelo governador Eduardo Campos (PE), divulgou nesta terça-feira um documento que classifica a base da presidente Dilma Rousseff como "artificial" e elenca ao menos 17 propostas para reverter a crise política evidenciada pelos protestos no país.
Na carta, o provável adversário de Dilma nas eleições de 2014 afirma que "há meses" advertia "governo e partidos quanto à necessidade de uma análise crítica da realidade brasileira".
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