Depoimento: O português divino do papa
Se há prova que por fim demonstre que Deus é brasileiro é ouvir ao seu máximo interlocutor falando português.
Se não fosse assim, eu espanhola, não acreditaria como um papa Francisco recém-chegado ao Brasil discursa, celebra missa e cumprimenta em português, livre do carregado sotaque argentino.
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O mesmo papa que brincou que o português é um espanhol mal falado se desculpava ontem em Aparecida (a 180 km de São Paulo) por "não falar brasileiro". Mas para quem diz não saber ele disfarça muito bem.
A fluência do papa já deu para eu ter que me defender das piadas dos colegas sobre meu portunhol. "Olha aí, o papa fala melhor que você". Humor brasileiro.
Perguntei até a uma fonte menos suspeita de querer tirar onda da minha cara, e demorou só meio segundo para a coisa se resolver: "Ele fala melhor mesmo".
Sim, há quase dois anos que estou no Brasil e ainda não consigo falar "cachaça" direito; ainda menos "pão com requeijão", porém peça isso todos os dias no café de manhã. Mas quem consegue? Só o papa.
Consolaram-me com o fato de que há quatro meses que ele faz aulas de português todos os dias e que o professor, orgulhoso, elogia sua capacidade, dado que nós hispanos não mandamos muito bem nisso dos idiomas.
Quero pensar que talvez por isso ele não trema ao pronunciar "satisfação", "inesgotáveis", "mão" ou "fiéis". Mas talvez a linha direta com Deus o torne um gringo com vantagens.
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