Com problemas na Jornada, cariocas fazem campanha "Alimente um peregrino"
Diante de mais uma demonstração de falha na organização da Jornada Mundial da Juventude, os cariocas decidiram se mobilizar com a campanha "Alimente um peregrino".
Os católicos que vieram ao Rio de Janeiro participar do encontro internacional, que vai até domingo (28), têm dificuldades para encontrar restaurantes que aceitem o vale refeição que veio com a inscrição.
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Já os locais que aceitam o vale na região de Copacabana (zona sul), aonde estão acontecendo os eventos, têm filas gigantescas.
A inscrição que inclui alimentação, alojamento, seguro, transporte e o "Kit peregrino" (com itens como mochila e boné) custou até R$ 608 --o valor varia de acordo com o país. Já o que tem os mesmo itens exceto a hospedagem foi vendido por até R$ 515.
A educadora Yvonne Bezerra de Mello, 66, criou a campanha depois que encontrou ontem duas jovens peregrinas de Mato Grosso ao sair para comprar pão e presunto. "Muitos vieram com dinheiro contado e na expectativa de que conseguiriam se alimentar facilmente com os tíquetes, o que não está acontecendo".
Marcelo Justo/Folhapress | ||
Restaurante serve prato peregrino a R$ 15 |
Ela as convidou para um café em um posto de gasolina próximo e após ouvir os seus relatos, decidiu oferecer comida e hospedagem por um dia.
"Essas jovens estavam em uma favela de Duque de Caxias (município da Baixada Fluminense). Não entregaram nem ao menos um mapa para elas. E as 22h não tinham como voltar. Até porque conheço Caxias e onde estavam é perigoso. Ficaram comigo uma noite", afirmou.
Yvonne, que mora no Flamengo (zona sul), as levou a uma estação de metrô na manhã de hoje e combinou que deixaria na portaria de seu prédio um lanche todos os dias até o fim do evento. "Pelo menos elas têm um almoço garantido. Tem muito peregrino passando fome", afirma.
Depois de relatar a história em uma rede social, mobilizou outras pessoas. "Uma amiga minha vai fazer sanduíches para 33 jovens equatorianos nos três dias que restam da jornada. A corrente já começou e estou muito feliz com isso".
A educadora tem um histórico de ativismo social. Defensora de meninos de rua, foi a primeira pessoa a atender os menores que foram vítimas da Chacina da Candelária, em que menores foram assassinados em 1993 perto da igreja, no Rio de Janeiro. Ela é coordenadora do projeto Uerê, escola para crianças com problemas de aprendizado devido a violência.
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