Réu confirma ordem de fazendeiro na chacina de Unaí e espera benefício da delação
No segundo dia do julgamento do caso conhecido como chacina de Unaí, na Justiça Federal em Minas Gerais, um dos réus do processo, Hugo Pimenta, que irá a julgamento no mês que vem, prestou depoimento como informante e confirmou a acusação contra o fazendeiro Norberto Mânica, suspeito de ser um dos mandantes.
O julgamento é sobre a morte de três auditores fiscais e de um motorista do Ministério do Trabalho em uma emboscada durante fiscalização no noroeste mineiro em janeiro de 2004.
Estão no banco dos réus os três homens acusados de serem os atiradores supostamente contratados pelos irmãos Mânica, Norberto e Anterio. São eles Rogério Alan Rocha Rios, William Gomes de Miranda e Erinaldo de Vasconcelos Silva. Os três estão presos desde 2004.
Pimenta disse ter presenciado ligação de Norberto a um dos supostos executores. E disse ainda: "Eu soube que o Norberto prometeu R$ 300 mil para o Erinaldo e R$ 200 mil para o Rogério, mas não sei se ele pagou".
Pimenta é réu na condição de intermediário, juntamente com outras duas pessoas. Ele chegou a ficar preso por dois anos, mas fez acordo com a Promotoria para se beneficiar com uma delação premiada.
Ele já obteve a liberdade provisória e, em caso de condenação, espera ser beneficiado em até dois terços da pena, segundo seu advogado Lúcio Adolfo --o último que atuou na defesa do goleiro Bruno Fernandes de Souza, ex-Flamengo.
Essa primeira leva de réus deve ser julgada até o fim de semana. Os outros cinco réus devem ser julgados até o final de setembro.
Os irmãos Norberto e Anterio Mânica são produtores rurais no noroeste mineiro. Anterio foi ainda prefeito de Unaí por dois mandatos.
Segundo a acusação, os Mânica andavam insatisfeitos com a fiscalização trabalhista promovida pelo Ministério do Trabalho nas terras deles e por isso mandaram matar os trabalhadores do governo.
Ameaças já vinham sendo feitas ao auditor Nelson José da Silva, uma das vítimas da chacina, no escritório do Ministério do Trabalho na região. O próprio Nelson chegou a relatar ameaças de Norberto Mânica.
Os advogados dos Mânica sempre negaram as acusações.
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