Petistas usam Grito dos Excluídos em São Paulo para atacar Alckmin
Parlamentares do PT que compareceram ao Grito dos Excluídos em São Paulo adotaram tom eleitoral nos discursos que fizeram durante o ato neste sábado, Sete de Setembro.
Acompanhe ao vivo os protestos do Sete de Setembro
Confira onde devem acontecer manifestações
A manifestação, organizada por movimentos sociais de esquerda e pastorais da Igreja Católica, teve apoio do partido e reuniu 1.200 pessoas, segundo a Polícia Militar. Organizadores estimaram entre 6.000 e 10 mil o público presente. Não houve confusões.
Líder do PT na Assembleia, o deputado Luiz Claudio Marcolino afirmou que os movimentos de moradia, saúde e educação devem estar "de braços dados para em 2014 libertar o Estado do governo do PSDB".
"Há 18 anos, o governo de São Paulo é ligado ao PSDB, ao DEM, à direita do nosso país. Em oito anos, o presidente Lula fez a diferença. Está na hora de o campo democrático e popular ter um governo do Estado que libere o povo da intransigência desse governo, que não trata o povo como merecemos."
Antes dele, a presidente municipal do PT, vereadora Juliana Cardoso, fez defesa enfática do programa Mais Médicos, principal bandeira do ministro Alexandre Padilha, que deve ser o candidato do PT na disputa pelo governo no ano que vem.
"A gente tem que dar uma salva de palmas para os médicos que chegaram aqui para cuidar dos excluídos", afirmou.
"Na saúde, a gente precisa falar da questão do Mais Médicos. A gente tem grupos conservadores na área da medicina que não aceitam médicos de fora, principalmente de Cuba", disse Cardoso.
Paulo Gama/Folhapress | ||
Grupo da Juventude do PT no Monumento às Bandeiras carrega bandeira de Cuba e canta: "Doutor, eu não me engano. Eu quero médico cubano" |
No meio do público, um grupo da Juventude do PT carregava uma bandeira de Cuba com a inscrição "SUS - Mais Médicos para Todos" e distribuiu uma carta com "mentiras e verdades" sobre o programa do governo federal.
Juliana Cardoso também criticou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) por ter apresentado proposta para aumentar o tempo de internação de menores que pratiquem atos equivalentes a crimes hediondos. "Essa foi uma questão preconceituosa que o senhor Geraldo Alckmin colocou em pauta em São Paulo", discursou a vereadora.
Manifestantes distribuíram panfleto assinado pela CUT e pela CMP (Central dos Movimentos Populares) sobre as acusações de formação de cartel em licitações de trem e metrô do governo paulista. Quando o movimento passou em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo, criticou deputados da base de Alckmin que não assinaram o pedido de CPI para investigar o caso, proposta pelo PT na Casa.
O tema também apareceu nos discursos de Marcolino e de líderes dos movimentos sociais. O deputado estadual chamou os colegas que não assinaram a CPI de "traidores do povo de São Paulo".
Os manifestantes se concentraram desde às 8h na praça Oswaldo Cruz, no Paraíso. Às 10h30, partiram em caminhada pela avenida Paulista até a Brigadeiro Luis Antônio, por onde desceram até o parque Ibirapuera.
Por volta das 12h30, pouco antes da dispersão do ato, uma mulher desmaiou devido ao calor na praça Armando Sales de Oliveira, onde fica o Monumento às Bandeiras. A cozinheira Lucia de Andrade Alves, 37, foi atendida por policiais e logo recobrou a consciência. Ela afirmou que tem pressão baixa.
MAIS MÉDICOS
Apesar das defesas enfáticas feitas pelos líderes que ocuparam o carro de som, nem todos os manifestantes ouvidos pela Folha no asfalto disseram ser a favor do Mais Médicos.
O trabalhador da construção civil Ivo Pacheco declarou ser contrário à medida. "Sou a favor é de pagar faculdade para formar médico brasileiro na Amazônia. Não é para lá que os nossos médicos não querem ir? Então vamos formar médico lá", declarou.
A empregada doméstica Jacinta Brito também se disse contra. "Precisa priorizar os daqui."
Já o desenhista Tino Brito disse que é "completamente a favor". "Sou paraibano. Lá tem muita gente sem médico.
Vai ser de muita importância para lá. Só tem a elite falando contra. Tem que abrir as portas. A função é essencial."
Houve também quem se declarasse a favor do estímulo para que médicos se mudem para cidades onde há falta de profissionais, mas contra a chegada de médicos vindos do exterior. "Já tem muito médico no Brasil. Precisa trazer de fora?", questionou a doméstica Maria Santana.
BAILE À FANTASIA
Também presente, o deputado estadual petista Adriano Diogo criticou os movimentos que utilizam máscaras para participar de protestos. Ao discursar, perguntou: "Tem alguém aqui que é mascarado? Aqui não é baile à fantasia, é movimento de moradia."
A crítica tem como o alvo os "black blocs" e também as manifestações convocadas pelo grupo de ativismo hacker Anonymous também para este Sete de Setembro. Este grupo colocou entre as principais bandeiras de seus atos a prisão dos réus do mensalão, entre eles líderes petistas.
Os integrantes do Anonymous utilizam como símbolos máscaras do protagonista da história em quadrinhos e do filme "V de Vingança", inspiradas no rosto de Guy Fawkes (1570-1606), revolucionário cristão que tentou implodir o Parlamento britânico.
No Grito dos Excluídos, o líder do PT na Assembleia disse que setores do PSDB estão por trás de protestos que tenham o governo federal como alvo.
"É importante [o Grito dos Excluídos] no dia de hoje, onde a direita também tenta se organizar, onde grupos ligados ao PSDB também tentam se organizar para acabar com o projeto social do nosso país", discursou o parlamentar.
No ato, o único grupo que cobriu o rosto era de manidestantes que se identificavam como pertencentes à Unidade Vermelha, grupo de jovens que apoia atos de esquerda pelo país.
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