PT quer convocar suspeito de vazar dados do Metrô e da CPTM
O PT quer convocar um funcionário de alto escalão da Secretaria do Planejamento do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), suspeito de ter vazado dados internos do Metrô e da CPTM.
Os dados sobre investimentos futuros das duas empresas foram repassados ao consultor Jorge Fagali Neto, indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de ter pago propina no caso Alstom.
O caso foi revelado na edição da Folha desta segunda-feira (23).
Investigado pela PF por cartel recebia dados do Metrô e da CPTM
O funcionário é Pedro Benvenuto, secretário-executivo do conselho gestor de PPP (Parcerias Público-Privadas). Ele administra contratos de R$ 13 bilhões, como a concessão da linha 4 do Metrô, e projetos que podem chegar a R$ 45 bilhões.
Benvenuto repassou dados do Metrô e da CPTM segundo a secretária Edna Flores. Ela trabalhou de 2006 a 2009 com Fagali Neto.
As mensagens repassadas por Benvenuto entre 2006 e 2007, quando ele era coordenador de gestão e planejamento da Secretaria de Transportes Metropolitanos. Metrô e CPTM são ligados a essa secretaria.
O próprio Benvenuto alterava dados das planilhas de empresas que disputavam contratos no Metrô e na CPTM, de acordo com a secretária.
No meio de 2006, ele enviou a Fagali Neto uma planilha com investimentos do Metrô até 2012. Na época, os dados públicos sobre os projetos futuros do Metrô, agrupados no Plano Plurianual, só iam até 2007.
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos diz que os dados eram públicos, versão que é repetida por Benvenuto. O órgão não conseguiu, no entanto, mostrar à Folha os documentos nos quais eles apareciam.
O pedido de convocação foi apresentado pelo deputado estadual João Paulo Rillo (PT) à Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa de São Paulo e depende de aprovação. A comissão é presidida por um petista, mas a maioria dos membros é aliada ao governo tucano.
O deputado diz no pedido que Benvenuto pode ajudar a "esclarecer as supostas irregularidades na contratação de empresas acusadas pela Siemens de integrar um cartel" que atuou entre 1998 e 2008, pelo menos, período em que o Estado foi governado por tucanos.
A troca de mensagens mostra que empresas como Tejofran e Bombardier tentavam obter contratos com o Metrô e a CPTM com estratégias que evitassem a concorrência.
Tejofran e Bombardier são citadas pela Siemens como empresas que faziam parte de um cartel que combinava preços e fornecedores em concorrências dos governos de São Paulo e do Distrito Federal.
As duas empresas dizem que não há nada de irregular no contrato de fizeram com Fagali Neto, já que ele não fazia mais parte da administração pública.
O consultor é apontado como dono de uma conta com saldo de US$ 6,5 milhões, que foi congelada pelo governo da Suíça por causa da suspeita de que recebeu recursos da Alstom que foram repassados a políticos.
Fagali Neto diz que as acusações da secretária não devem ser levadas a sério porque ela tentou chantageá-lo. Ainda segundo ele, os emails foram obtidos ilegalmente.
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