Com a bênção do Planalto, PP e Pros formam bloco de apoio a Dilma
Com a bênção do Palácio do Planalto, do PT e do PMDB, os dois principais partidos da coalizão de apoio a Dilma Rousseff, o PP (Partido Progressista) e o Pros (Partido Republicano da Ordem Social) anunciaram nesta quarta-feira (6) a formação de um bloco na Câmara dos Deputados que reunirá 57 cadeiras.
A união das siglas tem dois objetivos: aumentar o poder de negociação na Câmara --onde será a terceira maior bancada, atrás apenas de PT e de PMDB-- e elevar o cacife para negociar maior participação no governo.
Embora ainda não tenham anunciado oficialmente o apoio à reeleição de Dilma Rousseff, ficou clara essa inclinação no ato em uma das salas das comissões da Câmara, que reuniu políticos dos dois partidos --entre eles o ex-prefeito Paulo Maluf (PP), que se sentou na primeira fila--, do PT e do PMDB, além da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
Rompido com o PSB de Eduardo Campos (PE) e recém-filiado ao Pros, o governador Cid Gomes (CE) também esteve no evento e, na saída, afirmou que a formação do bloco é um claro indicativo de que as duas legendas caminham para apoiar a reeleição da petista.
"O nosso ingresso no Pros [partido aprovado pela Justiça em setembro] se deu sob a premissa de que sua posição é de apoio à presidenta Dilma. E a tendência do PP é a de se coligar com o arco de forças que deve apoiar a reeleição da presidenta Dilma", afirmou Cid.
Em sua fala, Ideli destacou que PP e Pros nunca faltaram ao governo na "corresponsabilidade de fazer com que esse país desse certo".
Além da ministra, foram ao ato o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o líder do governo na Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o líder da bancada do PT, José Guimarães (CE).
'AGENDA PROGRAMÁTICA'
Apesar de parlamentares do PP reclamarem há tempos de que o partido está sub-representado no governo --a sigla possui a pasta das Cidades--, os discursos foram na linha de que a formação do bloco não tem o objetivo de pressionar o governo por mais cargos.
"Ministra Ideli, que aqui representa a presidente Dilma, tenha certeza de que o bloco vai saber reivindicar, mas que vai saber dar o apoio nos momentos difíceis", disse o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI).
De acordo com o líder da bancada do Pros, Givaldo Carimbão (AL), Dilma convidou a legenda a participar do governo, mas isso não foi motivado pela formação do bloco. "Isso pra nós, do Pros, é menor."
Os dirigentes do partido se encontraram na semana passada com Dilma, ocasião em que combinaram acertar futuramente a participação no governo.
O nome dado ao bloco é "agenda programática", mesma expressão usada por Campos e pela ex-senadora Marina Silva na aliança que os dois anunciaram no início de outubro
NOITE MAL DORMIDA
Na saída do ato, Cid Gomes fez projeções sobre a disputa ao Palácio do Planalto dizendo não ter certeza nem sobre a candidatura da presidente Dilma, que ele apoia.
"A candidatura mais provável é a da presidenta Dilma. Assim mesmo ainda há setores que defendem que o Lula seja o candidato pelo PT", afirmou, dizendo haver "90%" de chances de que Dilma seja a candidata.
Em relação à oposição, Cid disse que há dúvidas sobre se Aécio Neves (PSDB-MG) manterá sua postulação, insinuando que o senador estaria mais inclinado a disputar o governo de Minas Gerais.
"O [José] Serra tem muito instinto, muito faro, e está sentindo uma insegurança no Aécio, O Aécio a essa altura está muito preocupado com Minas Gerais", disse. Embora isolado internamente no PSDB, Serra ainda indica ter o desejo de ser o candidato do partido ao Planalto.
As principais críticas de Cid, porém, foram direcionadas a Campos, ex-colega de partido com quem rompeu para manter o apoio a Dilma.
"No PSB a despeito de ser colocado como o grande lance dos últimos anos, que parecia uma jogada de mestre, acho que [a aliança Marina-Campos ] foi uma decisão impensada de uma noite mal dormida, é uma soma negativa, a Marina não transfere o que tem para o Eduardo e vice-versa."
Para o governador do Ceará, a adesão de Marina acabará permitindo a Campos "uma saída honrosa para não ser candidato". Ele prevê que, no ano que vem, a cabeça de chapa será de Marina, que hoje tem melhor desempenho do que o pernambucano nas pesquisas de intenção de voto.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade