Base blinda Cardozo e impede convocação
A base aliada deflagrou nesta quarta-feira (27) uma operação para blindar o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) --a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara foi impedida de convocá-lo a prestar esclarecimentos sobre a conduta do presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Vinicius Carvalho.
O PSDB quer explicações sobre Carvalho ter omitido que trabalhou no gabinete do deputado estadual Simão Pedro (PT-SP). Foi Simão Pedro quem repassou a Cardozo documentos que apontavam a a existência de um cartel nas licitações de metrô e trens durante os governos do PSDB em São Paulo.
Sergio Lima-17.jun.13/Folhapress | ||
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) lamenta que investigação tenha se transformado numa disputa política e eleitoral |
O requerimento foi apresentado pelo deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) e também tratava de suposto vazamento de informações do Cade. Com a tropa de choque do governo a postos, a comissão rejeitou a convocação.
Na terça-feira (26), as principais lideranças do PSDB dispararam fortes críticas ao ministro e o acusaram de politizar as denúncias do cartel para minimizar o impacto político das prisões do mensalão.
O PSDB tem defendido que Cardozo se afaste das investigações sobre o cartel revelado pela multinacional alemã Siemens ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Tucanos devem protocolar, na tarde desta quarta, uma representação contra Cardozo na PGR (Procuradoria-Geral da República) por improbidade administrativa.
O CASO
As acusações contra tucanos apareceram num suposto depoimento do ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, que apontava pagamento de propina em São Paulo durante os governos do PSDB. Ele negou, depois, ser o autor da denúncia.
Apontando diferenças entre esse material e outro que Rheinheimer encaminhou à Siemens em 2008, os tucanos acusaram petistas de forjar documentos.
Embora um delegado da Polícia Federal tenha escrito, em memorando, que recebeu as acusações do Cade, o ministro da Justiça afirmou que recebeu o depoimento das mãos do secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, o petista Simão Pedro.
Simão negou que o documento enviado tenha sido alterado para acusar o PSDB: "Não alterei documento nenhum. Só encaminhei ao ministro. Essa acusação do PSDB é uma bobagem".
Em resposta às acusações do PSDB, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) atacou os tucanos e lamentou "que uma investigação séria tenha se transformado numa disputa política e eleitoral".
Cardozo reafirmou que recebeu documentos das mãos do secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, o petista Simão Pedro, em maio. E negou mais uma vez que tenha recebido as denúncias do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Segundo ele, Simão foi até sua casa em São Paulo, num domingo, para lhe entregar o material. A denúncia, com tabelas, planilhas e nomes de tucanos, foi repassada pessoalmente ao chefe da Polícia Federal, Leandro Daiello.
Ele nega qualquer tentativa de proteger o Cade. Disse que foi um "equívoco" da PF afirmar que os papéis foram encaminhados pelo órgão.
Com a movimentação da oposição, Cardozo pediu que aliados negociassem sua ida a Comissão de Segurança na próxima quarta-feira (4) para falar do caso Siemens, sem necessidade de convocação. Ele aceitou um convite para falar na comissão das denúncias envolvendo o governo de São Paulo e também da fuga do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, único condenado do mensalão que teve a prisão decretada e não se entregou.
CALÚNIA
Simão Pedro, que está licenciado da Assembleia Legislativa de São Paulo para exercer a função de secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, diz que vai processar o chefe da Casa Civil do governo paulista, Edson Aparecido, e o secretário José Aníbal (Energia) por calúnia.
Eles acusaram-no de ter adulterado um documento que cita o PSDB. "Os tucanos tentam tirar o foco do essencial: o pagamento de propina", disse Pedro.
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