Tucanos querem que Cardozo investigue contratos federais da Siemens
Em audiência ontem no Senado com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), tucanos insinuaram que irregularidades envolvendo a Siemens podem ter se repetido em obras federais.
A multinacional é investigada por fraude em licitação em São Paulo, na gestão do PSDB, e no Distrito Federal, em governos de PMDB e DEM.
Os senadores tucanos Aloysio Nunes (SP) e Álvaro Dias (PR) pediram ao ministro que contratos firmados pela empresa alemã com o governo federal também sejam alvos de apuração.
Nunes disse que executivos da Siemens que assinaram o acordo de colaboração com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) também são signatários de pelo menos 33 contratos com estatais federais nos últimos dez anos.
Sergio Lima/Folhapress | ||
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, durante audiência pública da Comissão de Constiuição e Justiça do Senado |
"A perversidade é só de São Paulo?", questionou o senador, dizendo que os contratos ultrapassam R$ 500 milhões e abrangem as áreas de trens e de energia. Cardozo evitou polemizar. Pediu os dados para os tucanos e disse que tudo será apurado.
Na semana passada, o ministro e a cúpula do PSDB trocaram ataques devido à investigação do cartel de trens. Os tucanos acusaram Cardozo de agir politicamente e de manipular instituições do Estado para atingir adversários.
Em resposta, o petista disse que mandou investigar acusações que chegaram às suas mãos, diferentemente do que, segundo ele, o PSDB fazia em sua gestão.
No foco da discórdia estão documentos atribuídos a um ex-diretor da Siemens, segundo quem haveria um esquema de corrupção em governos tucanos de São Paulo.
Os nomes de Aloysio e do secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, entre outros tucanos, são citados. Os documentos fazem parte de investigação da Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça.
Hoje o ministro será ouvido na Câmara. José Aníbal pediu exoneração da Secretaria de Energia de São Paulo por dois dias para retomar o mandato e participar da audiência. Na semana passada, ele pediu a demissão de Cardozo.
"Espero o mesmo nível, a mesma contundência, a mesma arguição profunda, com respeito, sem palavras injuriosas", disse o ministro, anunciando que está processando os políticos tucanos que o chamaram de "sonso" e "vigarista".
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