STF manda prender Roberto Jefferson, delator do mensalão
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, determinou nesta sexta-feira (21) a prisão do delator do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Apesar de condenado, ele seguia solto desde novembro, à espera de uma resposta sobre seu pedido de prisão domiciliar, que agora foi negado.
O ex-deputado retirou um tumor do pâncreas em 2012 e alegava precisar tratar-se em casa.
Segundo a assessoria de imprensa do STF, Jefferson cumprirá a pena no Rio de Janeiro em um primeiro momento e só será transferido a outro Estado caso seja requisitado e aprovado no processo.
Jefferson foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e a uma pena de sete anos e 14 dias de prisão em regime semiaberto, mais o pagamento de R$ 720,8 mil em multas.
Em entrevista à Folha em 2005, Jefferson, então presidente do PTB, revelou o mensalão, que foi entendido pelo STF como o esquema de compra de apoio político no Congresso Nacional durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A condenação apontou o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), preso desde novembro no complexo penitenciário da Papuda, como o chefe do esquema.
Jefferson é o vigésimo dos 25 condenados do mensalão que teve prisão decretada –os outros cinco ou tiveram a pena convertida em restrição de direitos, multas e prestação de serviços à comunidade ou ainda têm recursos a ser analisados.
Jefferson já havia dito em entrevistas que não tinha mais o câncer. Segundo ele, os problemas de saúde de hoje são decorrentes da cirurgia à qual foi submetida para a retirada do tumor no ano passado quando, segundo ele, sua saúde ficou frágil. Por isso, sua defesa solicitava a prisão domiciliar.
Jefferson criticou, inclusive, laudo médico do Inca (Instituto Nacional do Câncer), divulgado no fim do ano passado, que considerou desnecessária sua prisão domiciliar ou mesmo em unidade hospitalar.
Em dezembro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, opinou, em parecer enviado ao STF, ser contrário a prisão domiciliar, o que facilitou a decisão de Barbosa.
No documento enviado ao presidente do STF, o procurador diz que recebeu informações da Divisão Médico Ambulatorial da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro de que há condições de Jefferson ter acompanhamento clínico e consultas periódicas com médicos oncologistas do sistema público, uma vez que ele é tratado pelo Inca.
Até às 19h30 desta sexta, a Polícia Federal não havia recebido mandado de prisão ou sido comunicada oficialmente sobre a decisão de Barbosa.
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