Juiz manda investigar encontros de Valdemar Costa Neto fora da prisão
O juiz Vinicius Santos Silva, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, determinou a abertura de um inquérito disciplinar para apurar se o ex-deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) descumpriu as condições que lhe foram impostas para obter o benefício do trabalho externo.
Como a Folha revelou no início do mês, Valdemar recebeu no restaurante em que está trabalhando, em Brasília, a visita de políticos do PR.
Além de pedir a abertura de um inquérito disciplinar, que deverá ser conduzido pela direção do CPP (Centro de Progressão Penitenciária), o juiz também determina que a Subsecretaria do Sistema Prisional deve intensificar a fiscalização do cumprimento das regras de trabalho externo por Valdemar.
A decisão do juiz da Vara de Execuções acontece uma semana depois do Ministério Público requisitar investigações sobre o comportamento de Valdemar durante seu trabalho fora do presídio.
Pedro Ladeira/Folhapress |
O ex-deputado Valdemar Costa Neto deixa a cozinha industrial em que está trabalhando |
Se a Justiça entender que Valdemar descumpriu as regras de seu trabalho externo ele poderá ser punido com penas que vão de uma simples advertência até à suspensão do benefício da saída para trabalhar e eventual regressão de regime prisional.
POLÍTICA
Conforme a Folha revelou, condenados no mensalão autorizados a sair da cadeia para trabalhar foram vistos, nas últimas semanas de março, burlando normas da Justiça do Distrito Federal para fazer contatos políticos, ir à Igreja, encontrar familiares e passar no "drive-thru" do McDonald's.
Por três semanas, a Folha acompanhou a rotina de presos que deixam pela manhã o CPP (Centro de Progressão Penitenciária) para trabalhar e voltam à noite.
Estão nesta situação o ex-deputado e ex-presidente do PR Valdemar Costa Neto, o ex-tesoureiro do partido Jacinto Lamas e o ex-deputado Bispo Rodrigues.
O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares também foi autorizado a trabalhar, mas suas atividades estavam temporariamente suspensas à época em que a reportagem observou a rotina dos presos.
Empregado como gerente administrativo de um restaurante industrial, Valdemar recebeu o líder do PR, Bernardo Santana (MG), e o deputado Vinícius Gurgel (PR-AP) em duas oportunidades cada no local de trabalho.
A Folha apurou que o líder do PR se reuniu com Valdemar, condenado a 7 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, para discutir, entre outros assuntos, como o partido iria se posicionar diante do blocão, grupo de deputados aliados que se rebelava contra o governo. À época, o PR também negociava seu espaço na reforma ministerial.
Em um único dia, além dos dois deputados, outras dez pessoas estiveram no local e saíram ou abraçadas pelo próprio Valdemar ou acompanhadas pelo motorista que o busca no presídio.
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