Em Minas, Campos cita Tancredo para se diferenciar de Aécio
Eugênio Moraes/Hoje em Dia/Folhapress | ||
O presidenciável Eduardo Campos (PSB) é homenageado na Câmara Municipal de Belo Horizonte |
Em dia de compromissos em Minas Gerais, o pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, usou a figura do avô do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-presidente Tancredo Neves (1910-1985), para demarcar a diferença entre a sua candidatura e a do tucano, ambas de oposição.
Na citação, Campos voltou 35 anos no tempo para falar da relação que seu avô, o ex-governador Miguel Arraes (1916-2005), teve com Tancredo. Uma relação de pouca identidade, conforme uma declaração do próprio Tancredo, lembrada pelo presidenciável do PSB.
"O doutor Tancredo teve uma frase célebre naquela época. Ele disse: 'O PMDB de Arraes não é o meu PMDB'. Eles eram diferentes, e era importante marcar essa diferença", disse Campos, referindo-se ao fato de que essa diferença não impediu Tancredo e Arraes de atuarem na campanha das Diretas-Já, em 1984.
O episódio citado por Campos se passou em 1979, quando uma reforma partidária estava no horizonte e Tancredo já vislumbrava a criação de uma nova sigla.
Na ocasião Tancredo disse: "O meu MDB não é o MDB do senhor Arraes, e o MDB do senhor Arraes não é o meu, e nós dois sabemos disso há muito tempo".
Campos citou o episódio e concluiu que a diferença entre ele e Aécio "não anula a possibilidade de estarmos juntos pelo Brasil naquilo que o Brasil precisa". Por enquanto, segundo ele, foi apenas na campanha das Diretas-Já que ele e Aécio estiveram no mesmo palanque.
Também nesta segunda-feira (5), Aécio destacou as diferenças entre ele e o presidente do PSB.
"A última vez que subimos ao mesmo palanque, do ponto de vista nacional, foi na campanha do dr. Tancredo. Eu era um jovem estudante e acompanhava o meu avô, que votava nele", disse Campos.
Questionado em um debate com empresários em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, sobre o que diferencia a candidatura dele e a de Aécio, Campos disse que elas não são "a mesma coisa" e justificou.
"É importante que eu diga isso aqui, com o maior respeito diante de tantos amigos dele [Aécio]. Senão só teria uma candidatura", disse.
MAIS DIFERENÇAS
Campos, contudo, não ficou apenas na lembrança histórica. Ele citou ainda a flexibilização de leis trabalhistas e a mudança na lei da maioridade penal, temas sobre os quais diz ter opiniões distintas das de Aécio.
"Quando, por exemplo, Aécio fala em flexibilização da regra trabalhista, eu digo: no ambiente em que está a sociedade aí fora, no momento em que está a situação lá fora; depois de tudo de errado que a gente vê, a gente convocar os trabalhadores para dizer vocês vão começar perdendo, isso não se sustenta", disse.
Sobre a questão da maioridade penal, Aécio defende projeto que tramita no Senado que permite que os juízes apliquem penas maiores a adolescentes, a serem cumpridas em locais específicos e em separado de presos adultos.
"Baixar a maioridade penal não vai acabar com a violência, eu tenho o convencimento de que não vai", disse Campos, que apoia o aumento do tempo de internamento dos adolescentes quem cometem crimes.
Pela manhã Campos recebeu o título de cidadão honorário da Câmara Municipal de Belo Horizonte e, no fim da tarde, o da Câmara Municipal de Contagem (Grande BH).
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