Ministério Público abre investigação para apurar visita de filha de Dirceu
O Ministério Público do Distrito Federal abriu nesta sexta-feira (9) investigação para apurar a visita diferenciada da filha do ex-ministro José Dirceu na penitenciária da Papuda, em Brasília, furando a fila formada pelos familiares dos demais detentos.
Em nota enviada à Folha, o Ministério Público do DF afirma "que as medidas cabíveis serão adotadas".
Além disso, o deputado Fernando Francischini (SDD-PR) vai protocolar requerimento na Comissão de de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado na Câmara convidando o subsecretário do Sistema Prisional do Distrito Federal, Cláudio de Moura Magalhães, e Wilton Borges, chefe da inteligência da Sesipe (Subsecretaria do Sistema Prisional), para prestarem esclarecimentos sobre o uso do carro oficial na visita dela.
A Folha revelou nesta sexta que o governo do Distrito Federal, comandado pelo PT, providenciou um carro oficial da área de inteligência, com placas frias, para que a filha do ex-ministro Joana Saragoça visitasse o pai na cadeia.
A reportagem acompanhou e fotografou anteontem a carona da filha de Dirceu em um carro utilizado em operações sigilosas de Estado e conduzido por Borges.
Com a carona, Joana não enfrentou a longa fila de familiares de presos, de carro ou a pé, que começa a ser formada no final da tarde do dia anterior na entrada do presídio. Joana chegou às 8h55 e passou direto pela entrada de funcionários.
Procurado pela Folha, o Governo do Distrito Federal divulgou nota afirmando que a carona aconteceu porque Joana ajudava em uma investigação interna sobre a possibilidade de Dirceu fazer uma greve de fome em protesto por ainda não ter sido autorizado a trabalhar fora do presídio.
Na quinta-feira passada, reportagem da Folha havia informado que, apesar de ter cogitado a medida, Dirceu já a havia descartado.
Segundo o governo, como notícias da greve de fome estavam "tendo repercussão no presídio", Joana foi "convidada a colaborar" com a apuração, mas estava "se sentindo insegura" de ir sozinha ao presídio da Papuda, o que motivou a carona.
Por fim, a Sesipe concluiu que Dirceu não está fazendo greve de fome. O governo do DF não explicou qual seria o exato risco para o sistema penitenciário que uma hipotética abstinência alimentar de Dirceu provocaria.
A Vara de Execuções Penais do DF, que usualmente seria comunicada de uma investigação do gênero, disse não ter "informação sobre esse fato".
Sergio Lima - 7.mai.2014/Folhapress | ||
Joana Saragoça, filha do ex-ministro José Dirceu, em carro dirigido por servidor do sistema carcerário |
ESCRITÓRIO
Após a reportagem, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, negou na tarde desta sexta o pedido de trabalho externo feito pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu para trabalhar em um escritório de advocacia.
Barbosa considerou o pedido "absolutamente contrário aos fins da pena aplicada e às regras que disciplinam a execução penal em nosso ordenamento jurídico".
Ele afirmou que a oferta de trabalho em uma empresa privada, como é o caso do escritório de advocacia de José Gerardo Grossi, de Brasília, que ofereceu trabalho ao petista em sua biblioteca, é "incompatível com a execução de uma sentença penal".
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