Percentual de nulos, brancos e indecisos nunca foi tão alto
Independentemente do resultado, a eleição presidencial deste ano já tem uma marca. Como muitos analistas repetiram, nunca uma disputa começou tão cedo.
O eleitorado, porém, parece estar na contramão dessa tendência. Os dados sugerem que o interesse geral pelos candidatos nunca foi tão baixo. Pelo menos até agora.
Segundo o Datafolha de 7 e 8 de maio, 16% dos eleitores votariam nulo ou em branco se a eleição fosse hoje. Um recorde para o período. E em alguns segmentos, a situação é ainda mais radical.
Entre os eleitores que moram na região sudeste, a mais populosa, 21% dizem que querem votar nulo ou em branco. No grupo dos que têm ensino superior, 22%. Além do alto índice de branco e nulo, há ainda outros 8% do total do eleitorado que afirmam que não saberiam em quem votar se a disputa fosse realizada hoje.
Resultado final: a cinco meses da eleição, um total de 24% do eleitorado manifesta algum tipo de distanciamento dos nomes até aqui apresentados pelos partidos. Nos meses de abril, maio e junho das eleições anteriores, essa taxa de desinteresse/distanciamento era sempre numericamente menor, como mostra a série de 25 anos de levantamentos do Datafolha.
Em maio de 2010, por exemplo, só 6% afirmavam intenção de votar nulo ou em branco na eleição que aconteceria em outubro daquele ano. É quase um terço do contingente atual. Já os que não sabiam em quem votar naquele ano somavam 9%, valor parecido com o apurado agora.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
MOTIVAÇÕES
Com base em outras pesquisas, cientistas políticos talvez pudessem mostrar o porquê desse aumento do desinteresse geral pela eleição. Hipóteses como descrédito com as instituições ou cansaço com o calendário eleitoral, com pleitos de dois em dois anos, precisariam ser testadas.
Enquanto isso, os próprios indecisos e dispostos a votar branco ou nulo dão pistas de suas motivações. O Datafolha pediu para esses eleitores justificarem suas posições. Para 58% dos que pretendem anular ou optar pelo branco, nenhum dos candidatos apresentados é suficientemente preparado para ser presidente.
Outros 29% desse grupo afirmam que o banco ou o nulo é uma forma de protesto. As alegações dos indecisos vão em outra linha. Em contraste com a já intensa movimentação dos partidos, 72% afirmam que ainda é cedo para decidir. Despreparo dos candidatos é citado por 14%. A margem de erro do levantamento é de dois pontos para mais ou para menos.
MENOS PIOR
A desconfiança em relação à capacidade dos candidatos aparece mesmo entre aqueles que dizem já ter escolhido em quem votar. Quase 40% dos eleitores da presidente Dilma Rousseff dizem que vão com ela não porque a julgam ideal, mas porque não encontram opção melhor.
Entre os que votam em Aécio Neves (PSDB), 52% pensam assim. E com Eduardo Campos (PSB), o índice dos que só irão com ele porque não enxergam nada melhor atinge 62%.
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