Operação com PM não vinga e Salvador continua sem ônibus nas ruas
A volta para casa dos soteropolitanos nesta terça-feira (27) teve de ser improvisada. Vans clandestinas, mototáxis e 300 micro-ônibus da rede complementar de transporte supriram a demanda dos ônibus, cujos motoristas e cobradores estão em greve.
Prefeitura e empresários planejaram colocar parte da frota de ônibus nas ruas nesta terça, com escolta da Polícia Militar na saída das garagens, mas a reportagem percorreu no fim da tarde vias importantes da cidade, como as avenidas Bonocô, Vasco da Gama, Anita Garibaldi, Tancredo Neves e Antônio Carlos Magalhães, e não encontrou ônibus algum.
Na estação Iguatemi, terceira mais movimentada da cidade, havia pouca gente e nenhum ônibus. O segurança Roberto Souza, 51, aguardava no local havia uma hora e meia a chegada de um veículo. "Está muito difícil voltar para casa para quem, como eu, veio trabalhar hoje", disse.
Sem ônibus na cidade, muitas lojas, clínicas, bares e restaurantes não abriram as portas.
A greve começou na noite de segunda-feira (26), quando motoristas e cobradores não acataram o acordo feito entre o sindicato de trabalhadores e de patrões, criando uma dissidência. Nesta terça, a direção do sindicato reconheceu que "errou" ao fazer o acordo e também aderiu à greve.
Os trabalhadores pedem reajuste de 12%, tíquete alimentação diário de R$ 17 e participação nos lucros da empresa. Atualmente, um motorista ganha R$ 1.600, e um cobrador, R$ 948 mensais.
O acordo fechado na segunda-feira entre sindicato e empresas, que não foi aceito pela base dos trabalhadores, previa aumento salarial de 9% e tíquete alimentação de R$ 13.
A paralisação atinge 100% da frota. Com isso, 1,5 milhão de pessoas estão sem opção de transporte.
COMBOIOS
O secretário municipal de Urbanismo e Transporte, Fábio Mota, reconheceu a dificuldade em operacionalizar a saída dos ônibus ainda nesta terça.
Contudo, disse que um efetivo de cem ônibus –cerca de 4% da frota de 2.500 veículos– circularia entre 18h e 20h pela cidade.
Os ônibus sairiam em 20 comboios de cinco ônibus cada um, segundo ele, fazendo a ligação entre áreas comerciais e bairros da periferia.
O diretor do sindicato patronal, Jorge Castro, está menos otimista: "A maioria dos motoristas que estavam dispostos a trabalhar voltaram para casa. Vai ser difícil colocar algum ônibus na rua".
Segundo Castro, as empresas estão focadas em garantir nesta quarta-feira (28) a retomada da circulação de pelo menos 70% dos ônibus –percentual mínimo determinado pela Justiça para os horários de pico.
"Vamos para o enfrentamento para colocar os ônibus nas ruas. Quem quiser atrapalhar será processado pelas empresas", afirmou.
O presidente e o vice-presidente do sindicato dos Rodoviários foram procurados, mas não atenderam às ligações da reportagem.
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