Motoristas e cobradores de ônibus prometem parar nesta quarta no Rio
Um grupo estimado pela Polícia Militar em 250 motoristas e cobradores do município do Rio, pequena fração de uma categoria que reúne 40 mil funcionários, decidiu fazer uma nova paralisação do transporte coletivo rodoviário, por 24 horas, a partir da meia-noite desta quarta-feira (28).
A decisão foi tomada em votação realizada na Candelária, no centro do Rio. A intenção é paralisar 70% da frota de ônibus, de acordo com os líderes, que são uma dissidência do sindicato oficial.
Os dissidentes rejeitam o acordo fechado em abril entre o sindicato e as empresas de ônibus, que resultou em um reajuste salarial de 10%. O salário base aumentou para R$ 1.957, e a cesta básica foi corrigida em 40%, passando de R$ 100 para R$ 140.
Desta vez, no entanto, propuseram abrir mão do aumento que queriam, de 40%. "Podemos negociar outro reajuste salarial abaixo do que queríamos. Mas não abrimos mão do fim da dupla função cobrador-motorista. Se ninguém quiser conversar com a gente, o jeito é greve", afirmou Luiz Cláudio da Rocha, um dos líderes do movimento.
Os grevistas já marcaram nova assembleia para a próxima sexta-feira, na qual uma das propostas em discussão será a greve por tempo indeterminado. Caso isso ocorra, o funcionamento do BRT Transcarioca, que será inaugurado no domingo (1) pela presidente Dilma Rousseff, terá seu funcionamento prejudicado.
Os dissidentes já haviam promovido outros três dias de paralisação neste mês, deixando um saldo de mais de 700 ônibus danificados, a maioria em piquetes na porta das garagens.
Ainda durante a assembleia desta terça, o secretário-geral do Sintraurb (Sindicato Municipal dos Trabalhadores Empregados em Empresas de Transporte Urbano e Passageiros), Antônio Bustamante, teve que se retirar do local, cercado por policiais militares, após ser hostilizado por parte dos rodoviários. Bustamente afirmou que o sindicato não irá rever seu posicionamento.
Após a votação, os dissidentes realizaram uma passeata pela avenida Presidente Vargas, até a Central do Brasil, paralisando o trânsito em uma das faixas. Como carro de som e faixas, o grupo cantava a frase "Duvida não, se não tiver aumento, na Copa não tem buzão". Já na Central, organizaram grupos para a realização de piquetes nas garagens.
Antes da assembleia, os dissidentes estiveram reunidos com o procurador do Trabalho, João Carlos Teixeira. O grupo relatou uma suposta irregularidade do sindicato no último acordo, que teria acertado o valor do ajuste salarial sem a autorização dos sindicalizados. Teixeira afirmou que, caso a denúncia seja confirmada, pode entrar com uma ação na Justiça pedindo a nulidade do acordo.
Já a Rio Ônibus, sindicato das empresas de ônibus do Rio, disse que irá pedir a suspensão da nova paralisação ao Poder Judiciário. Em nota, classificou o movimento como "uma afronta à Justiça e à sociedade" e reconheceu o Sintraurb como único representante da classe dos rodoviários.
PLANO DE CONTINGÊNCIA
A Prefeitura do Rio vai pôr uma plano de contingência para reduzir o impacto sobre a cidade que engloba vários órgãos de transporte e segurança. A Supervia, que administra os trens urbanos que ligam o centro do Rio ao subúrbio, irá antecipar o horário de pico em 90 minutos.
No metrô, a antecipação do horário de pico será de 60 minutos, com operação em capacidade máxima a partir das 5h30. Nas barcas, o horário de pico será antecipado em 30 minutos, partindo da Ilha do Governador às 6h30. À tarde, o horário de pico será prolongado, com uma hora antes e uma hora depois do habitual.
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