Governo dos EUA volta atrás sobre compra de preservativos no Brasil
O governo americano revisou a orientação dada aos turistas do país para que só usassem camisinhas compradas nos EUA durante a Copa do Mundo no Brasil. A decisão foi tomada depois que a recomendação foi publicada pela Folha nesta sexta-feira (30).
"A linguagem no site do CDC (Centro de Controle de Doenças, do Departamento de Saúde americano) foi atualizada para ressaltar que os americanos devem simplesmente comprar preservativos de uma fonte confiável", diz a nota da agência do governo enviada a jornalistas.
Para evitar contrair doenças sexualmente transmissíveis, o texto anterior recomendava: "Carregue camisinhas que você comprou nos EUA".
A orientação agora, com a revisão, é essa: "Carregue camisinhas que tenham sido compradas de uma fonte confiável".
"O governo dos Estados Unidos reconhece os enormes esforços do governo brasileiro para incentivar práticas sexuais seguras através da distribuição de preservativos por meio do seu sistema de saúde pública", diz a nota à imprensa do CDC.
A agência afirma publicar regularmente informações sobre saúde para os americanos que viajam ao exterior, "inclusive antes de grandes eventos internacionais". "Essas informações incluem sugestões de itens de uso pessoal que eles podem levar em sua viagem."
Procurado na quinta-feira (29), o CDC não havia respondido à reportagem antes da publicação.
As outras orientações do órgão seguem as mesmas, entre elas, a de evitar ficar em quartos no primeiro andar de hotéis, e não nadar em rios e lagos brasileiros, para evitar contrair esquistossomose.
"Um quarto no primeiro andar pode oferecer acesso mais fácil a criminosos", diz o texto. "Mantenha sempre as portas do hotel trancadas, e guarde pertences de valor em áreas seguras."
Os EUA foram os responsáveis pelo maior número de ingressos comprados fora do Brasil: mais de 190 mil até agora. Não é possível saber, contudo, quanto deles foram realmente adquiridos por americanos. Segundo o Itamaraty, 19.620 vistos específicos para a Copa –de graça, mais rápido e válido por 90 dias– foram emitidos nos EUA entre julho de 2013 e 22 de maio.
MANIFESTAÇÕES
O guia também lembra o cidadão americano de orientações emitidas pelo Departamento de Estado por ocasião das manifestações no Brasil. "Se você souber de protestos nas proximidades, permaneça dentro de um local com portas e janelas fechadas", diz o texto.
O governo americano alerta que a polícia brasileira "pode usar gás lacrimogêneo e unidades montadas para dispersar os manifestantes".
Em questões de segurança, o Departamento de Estado orienta a ter cuidado com sequestro-relâmpago, crimes de rua e furtos em lugares públicos como aeroportos, recepção de hotéis e estações de ônibus.
"A taxa de homicídios no Brasil é quatro vezes maior que a dos EUA, e a de outros crimes é tão alta quanto", diz o governo.
Para o Ministério do Turismo brasileiro, as recomendações a turistas em viagens ao exterior "fazem parte do procedimento rotineiro de consulados e embaixadas".
"O Ministério do Turismo e a Embratur entendem que não há singularização em relação ao Brasil", responderam os dois órgãos, em nota.
As orientações do CDC para a Copa do Mundo na África do Sul, no entanto, foram mais amenas. Apesar da alta incidência de contaminação por HIV no país, por exemplo, o governo dos EUA só recomendou "evitar comportamentos arriscados" em relação a sexo. Sobre segurança, uma das principais dicas foi "ficar alerta quando sair de uma região segura para uma área perigosa".
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