PSDB pressiona PSD a declarar neutralidade na disputa presidencial
Em esforço para enfraquecer a candidatura da presidente Dilma Rousseff, o PSDB iniciou ofensiva para que o PSD adote posição de neutralidade na disputa presidencial.
A ideia é convencer a sigla, que integra a base aliada do governo federal, a discutir formalmente a proposta na convenção nacional do PSD, que será realizada no final deste mês, em Brasília.
Para colocar o tema em debate, a estratégia dos tucanos tem sido a de aprofundar dissidências internas no PSD a exemplo do que aconteceu em Estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro que, independentemente da posição nacional favorável a uma aliança com o PT, anunciaram apoio à candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Em São Paulo, o senador tem usado a chance de o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) ser vice do governado Geraldo Alckmin (PSDB) para pressionar o PSD. Em Santa Catarina, o PSDB já indicou ao governador Raimundo Colombo (PSD) que pode apoiar a sua reeleição, e abrir mão de lançar candidatura própria, caso ele desista de apoiar a presidente.
O esforço tem sido reproduzido nas últimas semanas por lideranças tucanas no Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul, Estados onde o PSD negocia acordos regionais com o PSDB e que ainda não realizaram convenções estaduais.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, principal fiador da candidatura de Aécio, também entrou em campo nessa articulação. Ele tem conversado sobre o assunto com o ex-senador Jorge Bornhausen, um dos maiores conselheiros do ex-prefeito de São Paulo.
Na semana passada, o presidenciável tucano reuniu-se, em Brasília, com Kassab e com o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), cotado para ser vice na chapa presidencial. No encontro, Aécio sondou Kassab sobre a possibilidade de um apoio ao PT na disputa presidencial ser revertido, mas ouviu resposta negativa do ex-prefeito.
A estratégia inicial do PSDB era trazer o PSD para a campanha presidencial do partido. Sem sucesso, os tucanos avaliaram que uma posição de neutralidade do PSD seria um cenário menos difícil de ser alcançado e enfraqueceria a candidatura petista ao retirar cerca de um minuto e meio do tempo destinado à propaganda eleitoral gratuita.
O PSDB também usará os próximos vinte dias, destinados às convenções partidárias, para conversar com representantes do PTB e do PP. Para aliados, Aécio disse que, ainda que não consiga atrair novas legendas para sua chapa, apenas a existência dessas tratativas aumenta a sensação de divisão na base aliada da presidente, o que o favoreceria.
O senador espera replicar com essas siglas o que houve com o PMDB, em especial no Rio de Janeiro, onde conseguiu declaração pública de apoio da maioria dos prefeitos do partido. O vice de Dilma, Michel Temer, é o maior mandatário dos peemedebistas e ainda assim não conseguiu garantir a unidade em torno de sua candidata.
Na terça-feira, o PMDB aprovou em convenção nacional o apoio ao PT, apesar de ter havido dissidentes. Os votos favoráveis à aliança somaram 59%, percentual inferior a 2010, quando 85% defendiam um acordo com a petista.
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