Durante jogo do Brasil, sindicalistas se dividem sobre vaias a Dilma
"Está tendo Copa, sim! Só não tem copo, porque o Alckmin acabou com a água!", bradou no microfone o presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, em frente ao telão montado na sede da unidade, no Brás (zona leste de São Paulo), para a transmissão do jogo entre Brasil e México.
Porém, a rivalidade para aquele público, formado por famílias, moradores do bairro e sindicalistas –a maioria com camisetas distribuídas pela CUT– parecia se restringir ao adversário da seleção.
Veja como foi a festa de alto padrão da 'elite branca' para o jogo Brasil x México
Ernesto Rodrigues/Folhapress | ||
Moradores do Brás e sindicalistas da CUT se reúnem para ver Brasil X México em São Paulo |
"As vaias para a Dilma tiveram merecimento, porque ela foi ao estádio fazer política", avalia o engenheiro José Antonio Pereira, 55, acrescentando que a presidente "pagou" pelos últimos 12 anos do governo de seu partido.
Na sequência, apontou para a sua camiseta da seleção –uma réplica comprada por R$ 80–, ressaltando que a oficial custa cerca de R$ 230. "O Lula deu muito crédito à Dilma, e o governo não foi muito bom", opinou o desenhista Alex Marins, 38, integrante da escola de samba Colorado do Brás, patrocinado pela CUT.
"Mas ainda que não tivessem feito a Copa, esse dinheiro não iria para lugar nenhum", afirmou um amigo dele, Daniel Porfírio, 35.
No intervalo do jogo, integrantes da bateria da agremiação empolgaram os presentes com seus batuques. O cardápio para quem assistia ao jogo no local era formado por pipoca em saquinhos de papel, copos de refrigerante e algodão doce, distribuídos gratuitamente.
NOVO CONTEXTO
Maiores de idade podiam comprar latas de cerveja por R$ 3,50 em bares dos arredores, ou por R$ 4, do único ambulante no local. O solitário vendedor, Márcio Salles, 49, disse ter visto a Copa de 2002 no Japão, mas que sua "realidade" mudou de lá para cá.
"Pelo lado do torcedor, a Copa no Brasil é do car...", disse. "Deixa para irmos à rua protestar contra a Dilma para amanhã", disse ele, destacando que os protestos são saudáveis para o Brasil, seja qual for o governo.
"Toda a verba pública acaba parando na mão de outra pessoa, isso a gente já sabe".
Além dele, que diz ter vendido quase toda a mercadoria, a catadora de rua Ana Pereira Santos, 63, teve motivos para comemorar –em apenas duas horas no local, ela disse ter coletado dois quilos de latas de alumínio.
Mesmo com as guloseimas gratuitas, teve também quem levou o "lanchinho" de casa, como o microempresário Rodrigo Oliveira, que carregava pacotes de salgadinho e uma garrafa de refrigerante em uma sacola plástica.
"O país tem outras prioridades, principalmente na área da saúde e segurança pública", afirmou ao fim do primeiro tempo, quando caminhava para casa com dois filhos pequenos e a mulher.
CAMPANHA
O candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, esteve no evento dos sindicalistas no Brás. Ele assistiu ao jogo ao lado da mulher, Thássia Alves.
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