Justiça libera britânicos acusados de venda de ingressos da Copa no Rio
A Justiça do Rio acatou nesta quinta-feira (26) o pedido de liberdade provisória dos advogados dos britânicos Desmond John Lacon e Roger Anthony Leigh.
Eles foram presos na última segunda (23) sob acusação de venda casada de ingressos da Copa do Mundo. Os estrangeiros foram soltos na tarde desta sexta-feira (27).
A decisão da juíza Lucia Regina Esteves de Magalhães, da 19ª Vara Criminal, determinou que os britânicos estão proibidos de deixar o país até o julgamento do caso. Eles tiveram que entregar o passaporte e pagar uma multa de R$ 4.000, cada um, para serem liberados.
Na saída do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste da cidade, eles também tiveram que assinar um termo de compromisso para comparecer quinzenalmente em cartório para comprovar local de moradia.
Segundo o advogado de Lacon, Roberto Podoval, os turistas continuarão no Rio até que o caso seja resolvido na Justiça. "Seguiram a lei internacional da Fifa quando prenderam eles sob acusação de venda casada de ingressos. Sequer existe um artigo brasileiro disso", disse Podoval à Folha.
O advogado de Leigh, Fernando Fernandes, afirmou que agora vai pedir –com Podoval– a "anulabilidade do procedimento da prisão, dos depoimentos e do ingresso da polícia no apartamento dos estrangeiros sem ordem judicial".
"Eles negam os fatos. Não vi esses ingressos apreendidos. [Os policiais] Não tinham mandado de busca e apreensão e mesmo assim apreenderam os celulares deles, não comunicaram os direitos constitucionais, nem colocaram tradutor na hora do depoimento", disse Fernandes.
De acordo com o delegado titular da Delegacia de Apoio ao Turismo (DEAT), Alexandre Braga, os agentes foram levados ao local por um dos moradores do imóvel, que franqueou a entrada deles.
O delegado informou que os policiais que colheram os depoimentos dos britânicos são bilíngues e explicaram que eles tinham o direito ao silêncio ou a apresentar suas versões para o fato, estando os direitos constitucionais na nota de culpa assinada pelos estrangeiros.
Além disso, a prisão dos estrangeiros foi convertida de flagrante para preventiva. O delegado informou ainda que o consulado, a Defensoria Pública, o Ministério Público e o juiz foram comunicados das prisões.
A juíza Andreia Berto, do plantão judiciário, que decretou a prisão dos britânicos, afirmou que a reclusão deles seria necessária para "garantia da ordem pública". De acordo com a Polícia Civil, foram apreendidos 425 libras, R$ 3 mil, 1.000 dólares americanos e 50 dólares de Hong Kong.
Apesar do crime de cambismo ser de menor potencial ofensivo, geralmente os detidos em flagrante respondem em liberdade. Os dois estrangeiros tiveram a prisão decretada porque também são acusados pelo crime de associação criminosa.
A Folha já havia divulgado a prisão em flagrante dos estrangeiros depois da Polícia Civil descobrir um esquema internacional de venda de ingressos para a Copa. Com eles foram apreendidos 39 ingressos.
Investigação aponta que os dois homens venderiam pacotes para os jogos do Mundial por pelo menos R$ 3.000 cada. Apenas uma empresa tem permissão da Fifa para tal prática e, por isso, qualquer outra companhia é considerada ilegal.
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