Associação defende isenção de analistas
Os analistas do mercado de capitais podem e devem fazer livremente, e sem qualquer restrição, as suas projeções e análises de cenários em um eventual segundo mandato da presidente Dilma Rousseff ou em um governo da oposição.
A única condição é que a análise seja embasada em fatos e com argumentos defensáveis, disse Lucy Sousa, conselheira da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais). "Que o mercado prefere o [tucano] Aécio Neves é um fato. Não quer dizer que pode fazer um desejo se tornar uma recomendação."
Segundo a conselheira, o profissional do Santander responsável pelo texto distribuído aos clientes não era um analista. O texto afirmava que a vitória de Dilma seria prejudicial à economia.
A associação, que ganhou o status de autorreguladora da atividade profissional em 2010, tem um código de conduta que recomenda a isenção do profissional em suas análises. "Não vejo uma tentativa do governo de intimidação ao mercado. E nem acho que os profissionais se submeteriam a isso, como nunca se submeteram."
Uma das maiores corretoras do país pediu a seu corpo de analistas que redobre o cuidado com seus textos, para "não se tornar um novo Santander", mas descartou calar a boca dos funcionários.
O economista-chefe de uma consultoria ouvida pela Folha classificou de "absurdo total, um disparate reacionário" a resposta do governo às recomendações do Santander a seus clientes. Sem querer ser identificado, afirmou que "mais surpreendente" do que a reação da presidente foi o fato de o Santander ter sido "subserviente" e anunciado a demissão dos responsáveis pelo comunicado.
Procurados sobre a polêmica, os economistas-chefes de outros dois bancos não quiseram se pronunciar. Também questionada, a LCA Consultores afirmou que o episódio Santander e a reação do governo não provocarão "nenhuma alteração" no tipo de informe que disponibiliza a clientes e à mídia.
No exterior, é comum que consultorias e fundos deem palpites sobre a evolução do mercado, dependendo do cenário político. Há alguns dias, Nick Price, do grupo Fidelity, que administra um fundo de € 2 bilhões, disse que continua evitando comprar ações da Petrobras e previu alta de cerca de 50% nos preços das ações de bancos brasileiros caso Dilma perca as eleições.
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